terça-feira, 25 de outubro de 2011

Algum tempo depois...

Tempo. Vira e mexe eu volto a falar de tempo. Quanto tempo faz que eu não escrevo? Oras, eu sou jornalista, escrevo todo dia, mas escrever para mim mesma é outra história. E hoje quero dizer que continuo me sentindo atropelada pelo tempo.
E cada vez mais sacuda. Da pressa, da indiferença, da correria, do prazo impossível, do prazo (ponto), da necessidade de se engolir sem água um milhão de pílulas de informação por minuto, da obrigação de saber que teve protesto de camelôs no centro de São Paulo, terremoto na Líbia, que a bolsa subiu por causa da Caterpillar e que o pai do Gianecchini morreu de câncer. Tudo isso só hoje. Amanhã as notícias são outras e eu vou ter que saber também.
Tô cansada dessa paranoia que encurta cada vez mais os meus dias e me impede de ter paz. Paz para deitar no sofá e não fazer nada, para ter 48 horas de fim de semana, para esquecer da vida, para passear sem pressa, para ter certeza que vai emendar o feriadão e poder planejar uma pequena viagem.
Tudo bem, sou um ser humano extremamente ansioso, e isso já é um agravante, mas nada me convence de que as pessoas não estão loucas. Gente que acha bonito trabalhar até ter um problema no estômago ou no coração. Gente que acha chique estar ocupado o tempo todo. Gente que acha que voltar para casa, para a pessoa que a gente ama, é velhice ou preguiça. Gente que acha que funcionário está aí para produzir 8 horas seguidas. Tudo louco, daqueles de amarrar em poste.
E assim eu vou pensando cada vez mais seriamente nas cidadezinhas por onde eu passei, e como seria morar num lugar tão pequeno que tirar o carro da garagem é bobagem. Ainda não acho que eu aguentaria. E ainda não conheci minha cidadezinha dos sonhos também.
Mas se um dia eu chegar num lugarzinho que fizer meu coração não querer ir embora nunca mais, pode acreditar, eu não titubeio, porque sei que jamais terei saudades de um lugar que me rouba o tempo.