sábado, 11 de abril de 2015

Gilmore Girls

Tudo bem que é das antigas, já acabou faz teeeempo, mas esse é mais um motivo para conhecer a série, e comprar o box todo que está muito mais barato agora! Hehehehehe.
Gilmore Girls parte de uma premissa muito simples: moça rica engravida ainda adolescente, foge da casa dos pais, faz a vida sozinha e quando precisa colocar a filha adolescente num colégio particular deve recorrer a esses pais para garantir a educação de primeira.
O que fez a série uma das melhores do seu gênero, na minha opinião, foi a química entre as três gerações de mulheres Gilmore (as Gilmore Girls) e o modo incomum de escrita de seus roteiros. A criadora, Amy Sherman-Palladino, criou um padrão de 1/3 a mais de páginas de roteiro por episódio do que qualquer outra série. Isso resultou em diálogos rapidíssimos e garantiu um ritmo que nenhum outro programa tinha.



As referências à arte e cultura populares são uma constante nos diálogos e quem gosta desse tipo de coisa fica simplesmente hipnotizado. Filmes e música são assuntos sagrados na série e a dinâmica entre os diversos personagens de uma minúscula cidade americana é impagável. Nesse caldeirão ainda pode-se juntar personagens ultra pitorescos como a professora de dança (ex dançarina e cantora de cabaré) obesa, o esquisito da cidade que tem um monte de empregos e sofre de terrores noturnos, o administrador da cidade, uma espécie de prefeito que vive criando leis malucas, e participações especiais de figuras como Sebastian Bach e Sherilyn Fenn, e aí está uma série que já nasceu cult.

Gilmore Girls é sobre mulheres. Mulheres fortes e todos os perrengues pelos quais elas (nós?) têm que passar. Como todas as séries, tem seus altos e baixos, mas jamais perde sua doçura, ou senso de humor. Incrível do começo ao fim!

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Cada um com seu cada qual, né não?

Ontem eu assisti uma palestra sobre atendimento ao cliente. E foi bastante instrutivo no sentido de entender cada vez mais como as pessoas ainda não saíram do milênio passado. Foi uma hora de conceitos empresariais prontos, que todo mundo já ouviu um milhão de vezes e "sacadas" mais velhas que minha avó.

Opa! Todo mundo?

Comecei, ainda no meio da palestra, a pensar que não servia para mim em absoluto, mas que poderia muito bem estar servindo para outras pessoas no grupo, era um grupo muito grande composto por todas as camadas do varejo, do atendente ao gerente/proprietário.

O pecado então, nem foi da palestrante. Ela estava cumprindo o que foi pedido dela. Foi da organização que colocou todo esse povo num mesmo balaio, não para fazer com que aprendam a trabalhar juntos, mas para repetir conceitos básicos e ideias batidas.

E depois fica todo mundo se perguntando porque o pessoal não comparece, já que a palestra está sendo oferecida de forma gratuita. Passei por esse tipo de situação muitas vezes na vida. Você se vê obrigado a passar por um "treinamento" de tudo que você já sabe.

Aí eu me lembro da primeira vez que entrei numa escola de inglês. Eu falei para a pessoa das matrículas: "Quero começar do zero, não sei nada". E ela: "mas tem que fazer o teste de nivelamento". "Eu quero começar do começo". "Não posso te matricular sem o teste".

Resultado? Comecei meu curso no nível 4. E ela ainda me disse: "Viu? Você ia morrer de tédio e largar o curso se começasse no Básico 1". Ela que estava certa...

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Empoderamento o cacete!

Neste dia oficial da mentira, gostaria de alertar os leitores que não estou pregando nenhum tipo de peça com meu texto. Ele tem tanta intenção quanto tudo que eu escrevo...

Falo muito sobre a pobre geração X, na qual totalmente me incluo, e sinto cada vez mais pena dela... A confusão é tanta que parece que todo mundo sabe o que está fazendo, para onde está indo e o que vai ser, menos nós. Fomos criados para receber as coisas em troca de trabalho duro, porque o país estava mudando, saindo da ditadura, se modernizando. Não tinha dinheiro fácil, só se roubasse de alguém, e isso é errado. Agora a molecada fica milionária sem sair da frente do computador, ou quer ficar milionária sem sair da frente do computador. Computador este, aliás, que a muito custo aprendemos a mexer até bem, mas o qual nunca desvendaremos completamente. Dá uma baita sensação de incompetência.

A gente aprendeu a respeitar pais, avós, tios e a hierarquia. A gente não tinha tanta informação fácil, na palma da mão, mas corria atrás e lia tudo que pudesse. Claro que a gente assistiu muita TV e curtimos ícones pouco ortodoxos como Madonna e Michael Jackson, mas hoje esses dois parecem apresentadores de programa infantil perto do que a juventude gosta ou está exposta diariamente. E não adianta toda a informação do mundo. Estou vendo, desolada, essa joia completamente mal aproveitada e jovens cada vez mais fúteis, inúteis, egocêntricos, egoístas e estúpidos. Sem falar em entediados. Não tem alegria, porque as coisas simples estão fora do alcance. Simples assim.

Mudar é bom e evoluir, melhor ainda. Mas nesse processo evolutivo se perdeu uma coisa muito importante que é o respeito às diferenças culturais. A globalização dá a falsa impressão que elas simplesmente não existem mais, mas é exatamente o contrário, estão mais fortes do que nunca. E algumas manias vindas dessa evolução começam a dar preguiça na gente, a ocupar espaço demais, fazer gente demais se apoiar em muletas pouco eficientes.

Uma delas é o tal empoderamento, tão em voga atualmente. Não tem palavra que mais me irrite nesse mundo! Ela ofende todas as gerações anteriores de mulheres que conquistaram todas as ferramentas que essas "gurus" de hoje usam para ficar se empoderando na frente do computador (ele, novamente). Mulheres de verdade, que encararam nação, pais e maridos ultra machistas com um sorriso nos lábios e o cabelo alisado na touca. Que criaram suas famílias com um jogo de cintura que faria muita "poderosa" de hoje precisar de cirurgia no quadril. Que conquistaram tudo. Ainda há caminhos longos para se trilhar? Com certeza. Mas eles estão largos e pavimentados por conta dessas mulheres que nem sabiam que a palavra poder, que elas já tinham de sobra em sua força, fosse virar verbo um dia.
Essa noção de empoderamento ainda acaba justificando as fraquezas da mulher atual, que coloca nos outros as culpas por todas as suas mazelas, outra coisa bem em voga hoje em dia. Elas esqueceram que quase tudo que "fazem comigo" foi porque eu permiti. Então ao invés ficar se empoderando, assuma a responsabilidade por suas próprias escolhas e as consequências que vêm com elas.

Outro ponto difícil nessa evolução, o retorno do homem ao "natural" em diversos aspectos está cansando também. Vegetarianos, protetores dos animais e agora o exército das doulas está criando um terrorismo desnecessário em cima de pessoas que cresceram vendo propaganda de cigarro na TV e que inauguraram o primeiro McDonalds do Brasil. Eu não entro numa lanchonete dessas há mais de 10 anos e parei de fumar há 15 meses, o que não significa que eu vou "naturalmente" parar de comer carne, não importa quantas campanhas se façam nas redes sociais. Também concordo que o parto natural é lindo, não é violento e não é vergonhoso. O que não significa que eu quero ficar vendo foto de placenta congelada. Tanto quanto não me agradam imagens de grandes cirurgias, ou de animais mutilados. Sangue é sangue. Tem gente que não se importa de ver, tem gente que prefere evitar.
E realmente, alguma dessas grávidas lutando pelo direito de aparecer no Facebook em toda sua glória dando à luz numa banheira acha que está prestando algum tipo de serviço a alguém? Essa é uma decisão completamente pessoal, e as grávidas, no final das contas, estão apenas se expondo. E pior, expondo uma intimidade da vida desse mesmo bebezinho que está saindo de dentro delas e que pode não gostar nada disso daqui a alguns anos.

E por falar em animal mutilado, muita gente entendeu muito errado o conceito de informar as pessoas do que está acontecendo... Organizações e mais organizações utilizando imagens chocantes, arrasadoras, só para tocar fundo o emocional e levantar verbas. Aí é aquele bombardeio de bicho maltratado, com metade da cabeça (porque a outra metade tá coberta de vermes), mutilado, abandonado. As pessoas conscientes sabem que isso acontece e lutam para que aconteça cada vez menos. As pessoas que provocam isso não vão mudar por causa do post no Facebook, porque elas não têm caráter. E as pessoas que resolveram ser engajadas nesse sentido, deveriam fazer pelo amor à causa, deveriam buscar seus meios de apoio de forma mais criativa e graciosa. Porque toda vez que eu vejo uma imagem dessas, primeiro eu tenho vontade de chorar. Não tenho vontade de correr para doar dinheiro para ajudar o bicho, tenho vontade é de pegar a pessoa e encher de porrada por jogar com uma coisa tão delicada quanto a vida de forma tão baixa.

O que me traz a mais um ponto bem importante para mim, que é a cultura da culpa. Já falei disso. Tem tanta gente trabalhando para eu me sentir culpada por não virar vegetariana, por não salvar todos os animais e todas as crianças carentes e doentes do mundo, por eu talvez querer um parto indolor caso eu venha a ficar grávida, por eu apoiar ideias como a legalização do aborto, entre outras coisas, que deu no que deu. Agora também sou culpada por ser classe média, ter um carro, gastar meu dinheiro ganho honestamente no que eu quiser, e não ser petista.

Logo eu, que fiz anos de terapia para me livrar da culpa que minha mãe me ensinou a carregar! Acho que vou ter que me empoderar...