segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A dieta que mudou minha vida.

Vi esse título no site da Lucília Diniz e ele chamou minha atenção, claro. Porque não chamaria? Toda mulher sabe o que é viver cercada de imagens dos "padrões" de beleza e não ter o menor controle sobre ser uma pessoa normal. É aí que ficamos anormais, correndo para conquistar esse padrão que não é real nem nas próprias atrizes/modelos/celebridades. Muita maquiagem, cinta, sutiã push-up, intervenção estética, cabeleireiro e, em última instância, o super Photoshop!
E quando não tinha tudo isso era cocaína mesmo... Uma beleza.

Nunca fui magra, acho que não tenho essa capacidade... hehehehehe. Sou um grande amontoado de muito tudo: peito, osso, largura, altura. Mais uma facilidade monstro para engordar. Então sempre oscilei entre 70 e poucos quilos (o peso legal) e 80 e muitos (o peso não legal). Isso para mim é normal e parte da minha realidade e sempre encontrei formas de gostar de mim assim mesmo. Quando eu começo a não gostar, que é quando o peso começa a ficar demais, coloco o pé no freio e volto para trás porque senão, eu já teria passado dos 120 quilos fácil, fácil.

O texto da Lucília não tinha nenhuma fórmula mágica, claro. Até porque só existe uma: comer direito + bom senso. Bom senso no sentido de saber até onde você pode chegar. Antigamente diziam que "peso ideal" era a altura menos 10 do segundo dígito. Tenho 1,70, tinha que pesar 60 quilos. E sabe que eu até dei um jeito? Uma vez, quando eu tinha uns 19 anos. Foi um horror! Fiquei parecendo uma mortinha, Walking Dead com Tim Burton. Feio mesmo. Nunca mais pesei menos de 70, que quando eu chego perto acho o máximo! Com 75 tô ótima. Sadia, "gostosa", as roupas ficam bem. Abdome tanquinho só na outra encarnação mesmo, tenho é barriguinha. E nenhuma vontade de "chapar" nada em mim.

Agora que eu trabalho com moda, o que eu mais vejo são mulheres infelizes mesmo (quando falam descontentes na TV e nas revista, é eufemismo, não se enganem), com o próprio corpo. Arrasadas porque "não conseguem emagrecer". Sofrendo de verdade. E enquanto eu só sofro se o peso estiver me causando desconforto físico (os tais 80 e muitos), sinto que essas mulheres se colocam os objetivos impossíveis, e aí fica muito penoso pensar em começar qualquer mudança. e o resultado do "quero emagrecer e não consigo" é cada vez mais desânimo e ganho de peso.

Tem que ser que nem parar de fumar. Suporte um dia de cada vez que você suporta. E nem precisa malhar que nem doida. A maioria das pessoas consegue emagrecer sem exercício nenhum, só comendo menos e melhor e caminhando um pouco todo dia. Escolhe um dos trechos que você precisa fazer e vá a pé. Já resolve. E se eu e meu metabolismo italiano/polaco conseguimos, muita gente consegue também.

Que tal pensar em perder 1 quilo a cada duas semanas? "Ah mas isso é muito pouco!". Todo mundo quer resultado instantâneo. Mas é infinitamente melhor que engordar um quilo a cada semana. O saldo vai ser 2 quilos a menos em cada mês (e que você vai conseguir manter) ao invés de 4 a mais. E depois, todo mundo reclama que o "tempo voa", mas na hora da dieta... Hehehehehehehe.

Acho também que falta auto-estima. Demais! A maior parte das mazelas femininas que inspiram protestos e feminismos vêm dessa carência. Mulher se deixa muita coisa. Se deixa enganar, humilhar, abusar, se deixa ser maltratada. Mais vezes e por mais pessoas que elas imaginam.
É só olhar as fotos abaixo e responder: Qual das mulheres é a mais bonita?



A imagem de baixo é da campanha nova da Lança Perfume e devia ser proibida! Em movimento, na TV, essa moça parece um cadáver só de pele e osso andando para lá e para cá em vestidos que pesam mais que ela... E sempre que eu vejo essa propaganda eu penso em meninas adolescentes tentando virar isso aí. E aí, vou da indignação ao pânico puro.

Já a outra senhorita... Que mulherão, einh? ;)


terça-feira, 1 de setembro de 2015

Conceitos... como não tê-los?

Tem tanta gente "enchendo o saco" para rever conceitos que andei pensando na abrangência do movimento. Parar de comer carne, por exemplo. Uma galera raivosa acha que já deu a estadia no topo da cadeia alimentar. Temos que voltar atrás um passo para deixarmos de ser assassinos. Assassinos? Peralá! Será que eles não estão pegando um pouco pesado demais?
E se a gente fizer um paralelo com ter filhos? Para mim, é tão natural quanto comer carne. Natural, no sentido de faz parte da natureza humana. Somos carnívoros e procriamos como tantos outros animais, para dar continuidade à espécie. Mas enquanto comer carne está quase se tornando um crime, procriar é lindo. Ter filhos é maravilhoso, todo mundo apoia, incentiva e estranho é o ser, principalmente a mulher, que não está a fim de assumir essa responsabilidade. Que é monumental. Mas ninguém parece se dar conta disso.
A vida do boi no matadouro é muito mais importante do que a vida de milhares de crianças que nascem todos os dias de pais ineptos, relapsos, violentos, sem o menor preparo para se responsabilizar (no sentido literal da palavra) durante muitos anos, por uma vida humana. Mães e pais tem "sorte" quando os filhos são bonzinhos ou educadinhos, ou "azar" quando o moleque vira um marginal sem vergonha. Fácil, né? Responsabilidade, necas! Claro que tem campanha para criança não apanhar e não passar fome, mas isso é o extremo da desumanidade. E esse monte de criança mal-educada? Aí não é um problema de verdade.
Conceitos são coisas difíceis de abandonar. Quase impossíveis de mudar, quando estão arraigados há tanto tempo numa consciência coletiva. Muita gente está jogando pedras no vizinho sem avaliar seu próprio quintal. "Ah, mas vou ensinar meu filho a ser humano, não tirar nenhum tipo de vida para o seu prazer." Ok. Está disposto a ensinar a dizer obrigado? Tem forças para se despir de qualquer preconceito que a sua geração aprendeu de sobra para que essa criança aceite como iguais todos os tipos de pessoas? Vai ser um ser humano que respeita autoridade? (ela sempre vai existir em sociedade e tem seus méritos, sim). Ou o resultado vai ser um vegano tão babaquinha quanto tantos outros jovens, que se acham criança índigo, especial, one of a kind, mas não juntam uma meia do chão e acham que seu primeiro emprego tem que ser como CEO?
É... São muitos e muitos anos de responsabilidade. Um trabalho bem grande para colocar mais gente em um mundo que não precisa em absoluto de mais gente. Para aumentar a quantidade da única espécie que é nociva à natureza. Para quê? Para você se sentir completa(o)? Ou porque é natural?
Então, para muita gente comer carne é tão natural quanto. E enquanto muitos lutam pela causa dos animais, muitos outros criam filhos de forma cada vez pior.
Ontem eu estava andando na rua e um pouco à minha frente tinha uma moça num vestido super curto e esvoaçante, meias finas e botas de cano alto. Também à minha frente iam dois rapazes, claramente voltando do almoço para o trabalho. A forma como eles olharam fixamente para a "parte traseira" daquela moça foi muito intensa (ela estava de costas e não viu nada). E essa é uma situação que eu vejo nas ruas todos os dias. E se você pensou "Mas o vestido não era curto? Ela queria chamar a atenção mesmo", você é uma das pessoas que vai criar pessoas que não respeitam as mulheres. Conceito. Um dos mais antigos da humanidade de que os homens são donos das mulheres. Muita gente luta para mudar isso, mas muito mais gente aceita essa condição e, pior, finge que é moderno e que não tem um pingo de machismo na cabeça.
Sei...
Quer um ótimo exemplo prático? Há anos meu noivo tenta me convencer a fazer um processo com as roupas brancas dele para desencardir tudo. Tem que esquentar água, misturar sabão e álcool, deixar de molho, sei lá. Um processo que eu nunca fiz porque minhas roupas não ficam encardidas. Há anos eu digo para ele "que bom que funciona! pode fazer sempre que você quiser". E ele fica me olhando com aquela cara. Na cabeça dele, como eu lavo a roupa, tenho obrigação de cuidar das necessidades especiais das roupas dele. Na minha, eu lavo a roupa dele como eu lavo tudo. Jogo na máquina e sai do jeito que sair. Eu não tenho roupa encardida. Portanto...
O acúmulo das pequenas concessões, para mim, é muito mais nocivo que uma grande causa. Repensar só os conceitos que são desconfortáveis para você, sem pensar no todo, também é bem perigoso. O mundo nunca vai ser um lugar exclusivamente de veganos praticantes de ioga. Mas ele deveria ser, sim, um lugar onde as pessoas abandonaram os preconceitos contra outros seres humanos, onde ninguém se acha no direito de tomar nada de ninguém, e onde se cresce e evolui pelos próprios méritos e curiosidade. Esse, para mim, seria o mundo ideal e muita gente vai dizer que é utopia.
Mas esse também é um conceito que é diferente para cada um de nós.