quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Pessoas são importantes somente para outras pessoas (parem de criar gente medíocre!)

Em uma época que a comunicação entre as pessoas está mais motivada pelo ódio e desacordo do que pela necessidade de diálogo, tenho um pouco de medo de me manifestar muito abertamente sobre algumas coisas, até porque minhas opiniões são um pouco radicais em determinados aspectos.


Mas vá lá, o ano está acabando, a sensação de ciclo velho/ciclo novo está no inconsciente coletivo e esse meu humilde "dear blog" nem tem tanta audiência assim. E escritor de alma, que nem eu, tem que colocar para fora, mesmo que ninguém leia.

O mundo está virando uma convenção de xiitas. e isso é bem assustador. Tudo é radical e elevado à décima potência. Só a desgraça, o ódio e a controvérsia dão ibope, e isso é super perigoso. Amigos de muitos anos não se falam mais porque o Facebook destruiu a relação. A recente ruptura política é um exemplo. Veganos X Carnívoros é outro (já foi chamado de assassino hoje?). Com toda a informação do mundo disponível, as pessoas estão cada vez mais tapadas. Ninguém lê, ninguém interpreta, ninguém avalia. Todo mundo ofende, sem ver a quem. Todo mundo vomita o que está na própria cabeça como se isso fosse importante para alguém.

Só que não é.

Os meios de interação mudaram, mas as pessoas ainda são pessoas. Pessoas são importantes somente para outras pessoas e enquanto isso não virar o mantra da humanidade, estamos todos ferrados. Nenhum ser ser humano melhorou a vida de nenhum bicho, nenhuma árvore, nenhum rio ou lago. E se fez, foi para consertar a merda de outro ser humano. Pessoas não são importantes para o planeta, muito pelo contrário. Se a humanidade fosse extinta de uma vez amanhã, o planeta ia respirar aliviado e começar a ter uma chance de recuperação.

A última coisa que o planeta precisa é de mais gente. Então não, você não precisa ter filhos. Filhos não são uma consequência natural da vida ou dos relacionamentos. Filho não é menstruação nem menopausa. Filho é a escolha mais fodida e egoísta que você faz na vida e é inteiramente responsabilidade sua, ninguém pede para nascer. (O que significa que eu estou bem sacuda de texto de como mãe sofre. Sofre porque escolheu. Se organizem e tratem de criar direito essa responsabilidade aí que vocês trouxeram para si mesmos, ok papais e mamães?). Para todos os outros casos, deveria existir a opção do aborto, mas tupinicópolis ainda vive na idade da pedra.

E por falar em aborto, para termos alguma chance de sucesso como sociedade, já está mais do que na hora de haver a ruptura com toda e qualquer religião no âmbito social. A moral que dita a nossa vida não pode ser mais religiosa (2 mil anos depois já não tá mais que provado que não funciona?). A moral tem que ser social, o que significa uma só coisa: o que é certo é legal, o que é errado é ilegal, é crime. E só. Todas as outras decisões ficam a cargo de cada um e suas religiões, que devem ser praticadas no âmbito pessoal. Nenhuma religião serve para todo mundo e elas não deveriam ter nenhum tipo de poder além do poder da oração.

A mídia podia muito bem sair do círculo vicioso da podridão, se reorganizar nos diversos meios que existem hoje, e lutar por informações úteis. E a educação deveria voltar para a mesa do jantar (aliás, o jantar em família também deveria voltar para a mesa do jantar) e sair das mãos dos pobres professores que já sofrem para passar conteúdo. Escola é formação, educação é em casa. Mas aí, até eu sei o quanto soa utópico.

Também não vejo muita chance de sucesso nas tentativas de remedar o que está muito estragado atualmente. Muitas gerações de hoje, inclusive a minha, precisam aceitar o fato de que esse trabalho vai levar tempo, e parar de achar que vai mudar o mundo amanhã com suas opiniões infundadas enquanto cria filhos medíocres, preguiçosos, mimados e egoístas. E já faz tempo, einh? Filhos melhores, mundo gradativamente melhor. Só que a maioria das pessoas tem um discurso e na prática, a prática é bem outra. Adianta querer ensinar caráter pro filho se você usa a vaga de deficientes "rapidinho"? Adianta dizer que ensina bons modos se não dá bom dia pro vizinho nem diz obrigada pro porteiro? Adianta dizer que é honesto se não devolve troco errado no mercado, nem avisa quando falta coisa na comanda do bar? Adianta dizer para respeitar o próximo se coloca a criança no carro e sai a toda velocidade? Esse é outro ciclo que precisa ser quebrado. O casal quer filhos, acha que vai ser tudo lindo, fácil, que nem na propaganda. Aí não é. Aí começam as concessões e quando menos se percebe, o idiotinha está formado. E vamos vivendo num país de idiotinhas por pura falta de responsabilidade.

Pessoas são importantes somente para outras pessoas.Todas as grandes figuras se tornaram grandes porque descobriram a solução dos problemas das pessoas (ou causados por elas). Fama e celebridade é ser conhecido por muitas pessoas. Quem sente falta de alguém que morre não é o mundo, são pessoas. Pessoas que não nascem, não sofrem nem fazem falta.

O que me leva ao meu último ponto. Tenho imensa dificuldade de fazer as pessoas entenderem que não acho que eu deveria ter nascido, que minha mãe podia ter pulado essa etapa da vida, e que ela é o maior exemplo do que não se deve fazer com outras pessoas, principalmente filhos. Mulheres que se tornam mãe não evoluem do dia para noite e não há nenhuma santidade adquirida. Se eu não tivesse nascido, eu não ia achar ruim.
As pessoas ficam absolutamente chocadas. "Mas claro que você ama sua mãe!". "Você não está falando sério!", "Você precisa resolver essas pendências na sua cabeça e no seu coração!". "Você precisa perdoar!".
Eu não preciso nada, principalmente agora que tanto mãe quanto pai já morreram e esse assunto está muito bem resolvido na minha cabeça. O que ninguém entende é que, apesar disso tudo, luto para ser feliz, não sou deprimida nem suicida, um pouco magoada sim, mas quem não seria? Principalmente porque as consequências ainda se estendem aos meus relacionamentos com os vivos. Mas gosto de viver, sou uma pessoa alegre e quero tudo de bom para mim, sim. Graças ao meu pai que foi melhor na responsabilidade dele do que minha mãe e sempre disse que "a gente veio a esse mundo para ser feliz".

O ponto é que apenas não acho ninguém tão essencial para o mundo. Qualquer um de nós poderia não ter nascido e o tudo seguiria da mesma forma. Ou seja: se você não tem vocação ou talento para criar um ser humano do bem, adote um animal de estimação e poupe o mundo de mais gente medíocre.

Por favor.