quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Pessoas são importantes somente para outras pessoas (parem de criar gente medíocre!)

Em uma época que a comunicação entre as pessoas está mais motivada pelo ódio e desacordo do que pela necessidade de diálogo, tenho um pouco de medo de me manifestar muito abertamente sobre algumas coisas, até porque minhas opiniões são um pouco radicais em determinados aspectos.


Mas vá lá, o ano está acabando, a sensação de ciclo velho/ciclo novo está no inconsciente coletivo e esse meu humilde "dear blog" nem tem tanta audiência assim. E escritor de alma, que nem eu, tem que colocar para fora, mesmo que ninguém leia.

O mundo está virando uma convenção de xiitas. e isso é bem assustador. Tudo é radical e elevado à décima potência. Só a desgraça, o ódio e a controvérsia dão ibope, e isso é super perigoso. Amigos de muitos anos não se falam mais porque o Facebook destruiu a relação. A recente ruptura política é um exemplo. Veganos X Carnívoros é outro (já foi chamado de assassino hoje?). Com toda a informação do mundo disponível, as pessoas estão cada vez mais tapadas. Ninguém lê, ninguém interpreta, ninguém avalia. Todo mundo ofende, sem ver a quem. Todo mundo vomita o que está na própria cabeça como se isso fosse importante para alguém.

Só que não é.

Os meios de interação mudaram, mas as pessoas ainda são pessoas. Pessoas são importantes somente para outras pessoas e enquanto isso não virar o mantra da humanidade, estamos todos ferrados. Nenhum ser ser humano melhorou a vida de nenhum bicho, nenhuma árvore, nenhum rio ou lago. E se fez, foi para consertar a merda de outro ser humano. Pessoas não são importantes para o planeta, muito pelo contrário. Se a humanidade fosse extinta de uma vez amanhã, o planeta ia respirar aliviado e começar a ter uma chance de recuperação.

A última coisa que o planeta precisa é de mais gente. Então não, você não precisa ter filhos. Filhos não são uma consequência natural da vida ou dos relacionamentos. Filho não é menstruação nem menopausa. Filho é a escolha mais fodida e egoísta que você faz na vida e é inteiramente responsabilidade sua, ninguém pede para nascer. (O que significa que eu estou bem sacuda de texto de como mãe sofre. Sofre porque escolheu. Se organizem e tratem de criar direito essa responsabilidade aí que vocês trouxeram para si mesmos, ok papais e mamães?). Para todos os outros casos, deveria existir a opção do aborto, mas tupinicópolis ainda vive na idade da pedra.

E por falar em aborto, para termos alguma chance de sucesso como sociedade, já está mais do que na hora de haver a ruptura com toda e qualquer religião no âmbito social. A moral que dita a nossa vida não pode ser mais religiosa (2 mil anos depois já não tá mais que provado que não funciona?). A moral tem que ser social, o que significa uma só coisa: o que é certo é legal, o que é errado é ilegal, é crime. E só. Todas as outras decisões ficam a cargo de cada um e suas religiões, que devem ser praticadas no âmbito pessoal. Nenhuma religião serve para todo mundo e elas não deveriam ter nenhum tipo de poder além do poder da oração.

A mídia podia muito bem sair do círculo vicioso da podridão, se reorganizar nos diversos meios que existem hoje, e lutar por informações úteis. E a educação deveria voltar para a mesa do jantar (aliás, o jantar em família também deveria voltar para a mesa do jantar) e sair das mãos dos pobres professores que já sofrem para passar conteúdo. Escola é formação, educação é em casa. Mas aí, até eu sei o quanto soa utópico.

Também não vejo muita chance de sucesso nas tentativas de remedar o que está muito estragado atualmente. Muitas gerações de hoje, inclusive a minha, precisam aceitar o fato de que esse trabalho vai levar tempo, e parar de achar que vai mudar o mundo amanhã com suas opiniões infundadas enquanto cria filhos medíocres, preguiçosos, mimados e egoístas. E já faz tempo, einh? Filhos melhores, mundo gradativamente melhor. Só que a maioria das pessoas tem um discurso e na prática, a prática é bem outra. Adianta querer ensinar caráter pro filho se você usa a vaga de deficientes "rapidinho"? Adianta dizer que ensina bons modos se não dá bom dia pro vizinho nem diz obrigada pro porteiro? Adianta dizer que é honesto se não devolve troco errado no mercado, nem avisa quando falta coisa na comanda do bar? Adianta dizer para respeitar o próximo se coloca a criança no carro e sai a toda velocidade? Esse é outro ciclo que precisa ser quebrado. O casal quer filhos, acha que vai ser tudo lindo, fácil, que nem na propaganda. Aí não é. Aí começam as concessões e quando menos se percebe, o idiotinha está formado. E vamos vivendo num país de idiotinhas por pura falta de responsabilidade.

Pessoas são importantes somente para outras pessoas.Todas as grandes figuras se tornaram grandes porque descobriram a solução dos problemas das pessoas (ou causados por elas). Fama e celebridade é ser conhecido por muitas pessoas. Quem sente falta de alguém que morre não é o mundo, são pessoas. Pessoas que não nascem, não sofrem nem fazem falta.

O que me leva ao meu último ponto. Tenho imensa dificuldade de fazer as pessoas entenderem que não acho que eu deveria ter nascido, que minha mãe podia ter pulado essa etapa da vida, e que ela é o maior exemplo do que não se deve fazer com outras pessoas, principalmente filhos. Mulheres que se tornam mãe não evoluem do dia para noite e não há nenhuma santidade adquirida. Se eu não tivesse nascido, eu não ia achar ruim.
As pessoas ficam absolutamente chocadas. "Mas claro que você ama sua mãe!". "Você não está falando sério!", "Você precisa resolver essas pendências na sua cabeça e no seu coração!". "Você precisa perdoar!".
Eu não preciso nada, principalmente agora que tanto mãe quanto pai já morreram e esse assunto está muito bem resolvido na minha cabeça. O que ninguém entende é que, apesar disso tudo, luto para ser feliz, não sou deprimida nem suicida, um pouco magoada sim, mas quem não seria? Principalmente porque as consequências ainda se estendem aos meus relacionamentos com os vivos. Mas gosto de viver, sou uma pessoa alegre e quero tudo de bom para mim, sim. Graças ao meu pai que foi melhor na responsabilidade dele do que minha mãe e sempre disse que "a gente veio a esse mundo para ser feliz".

O ponto é que apenas não acho ninguém tão essencial para o mundo. Qualquer um de nós poderia não ter nascido e o tudo seguiria da mesma forma. Ou seja: se você não tem vocação ou talento para criar um ser humano do bem, adote um animal de estimação e poupe o mundo de mais gente medíocre.

Por favor.





terça-feira, 3 de novembro de 2015

A gladiadora e os equívocos da moda

Vamos combinar, já tem gente suficiente tirando o maior sarro das sandálias gladiadoras para ficar claro que elas não são tão legais assim. É só dar uma boa olhada num modelinho:

Assim desse tamanho dá até medinho, não dá?
A questão é que quase todo o segredo de se ficar bem em uma roupa, um look ou até um tipo de sapato está no equilíbrio de proporções com o melhor resultado possível. Explico... A melhor maneira de parecer bem vestida, mais magra (quem não quer?), elegante e confiante é usar as peças para compensar suas proporções naturais. Muito peito e pouco quadril? Mais volume na parte de baixo do corpo. Pouca altura? Calça reta e sapato de bico fino (que alongam as pernas) costumam ajudar. E assim vai. Se você cria "recortes" artificiais no seu corpo, você diminui medidas, não importa onde.

Um exemplo bem clássico é a calça capri que por criar um recorte muito antes do fim da perna "achata" a pessoa. Ótimo para mulheres altas, um pouco complicado para quem quer parecer ter uns centímetros a mais. Outro bom exemplo é a danada da skinny (cuja tradução literal é magérrima, ou seja, criada para gente com poucas curvas). Eu sei, você usou, todo mundo usou (e ainda usa), mas ela não é legal para quase nenhum tipo de corpo. Quando o desenho da calça afunila no final, faz toda a parte superior do corpo parecer muito maior do que realmente é. E aí tem gente de porte normal andando por aí com jeito de gordinha faz teeeeeeempo.

O que me traz de volta ao calçado do título. Olhe novamente para a imagem e me diga se você consegue descobrir alguma utilidade estética no sentido de equilibrar as proporções do corpo (qualquer corpo) nessa sandália. Não encontrou nenhuma? É porque não há nenhuma. A moda às vezes dita movimentos que devemos simplesmente optar por ignorar. A gladiadora que sobe pela perna recorta a silhueta em várias seções antes de chegar ao joelho. Qualquer um, cristão ou filisteu, perde vários centímetros de proporção nesse negócio, sem contar que ela não combina com quase nenhum estilo. Com um vestido romântico vai parecer fantasia, com shorts ou bermuda e blusa, vai parecer uma guerreira equivocada, com saia curta vira o modelito de domingo do Asterix. Ou seja, melhor deixar para lá.

De salto, a sandália fica pior ainda! Vai andar por aí disfarçada de dominatrix de época? XD


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Não sei direito quem está ferrando tudo, mas dá para parar?

Hoje vi 700 curtidas na página da minha loja e fiquei emocionada. Um ano de loja. Pode parecer pouco, mas cada uma dessas curtidas é verdadeira, de pessoas que realmente se interessaram pela minha inciativa. Nenhuma curtida comprada. Todas 100% sinceras.
O que me fez pensar que, apesar das adversidades, e essas não são poucas, estou construindo uma coisa que agrada as pessoas. Estou construindo uma ideia e uma marca que podem dar certo. Estou, mais importante, construindo.

Então, cansada como estou de tanto lero-lero político só gostaria de pedir:

Não sei quem está me ferrando, se esse governo, se o legado do anterior, se a história jurássica do plano este e aquele, se os militares dos anos 80 ou a ditadura do Vargas.

Dá para me deixar em paz que eu estou tentando fazer esse país crescer?

Grata.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A dieta que mudou minha vida.

Vi esse título no site da Lucília Diniz e ele chamou minha atenção, claro. Porque não chamaria? Toda mulher sabe o que é viver cercada de imagens dos "padrões" de beleza e não ter o menor controle sobre ser uma pessoa normal. É aí que ficamos anormais, correndo para conquistar esse padrão que não é real nem nas próprias atrizes/modelos/celebridades. Muita maquiagem, cinta, sutiã push-up, intervenção estética, cabeleireiro e, em última instância, o super Photoshop!
E quando não tinha tudo isso era cocaína mesmo... Uma beleza.

Nunca fui magra, acho que não tenho essa capacidade... hehehehehe. Sou um grande amontoado de muito tudo: peito, osso, largura, altura. Mais uma facilidade monstro para engordar. Então sempre oscilei entre 70 e poucos quilos (o peso legal) e 80 e muitos (o peso não legal). Isso para mim é normal e parte da minha realidade e sempre encontrei formas de gostar de mim assim mesmo. Quando eu começo a não gostar, que é quando o peso começa a ficar demais, coloco o pé no freio e volto para trás porque senão, eu já teria passado dos 120 quilos fácil, fácil.

O texto da Lucília não tinha nenhuma fórmula mágica, claro. Até porque só existe uma: comer direito + bom senso. Bom senso no sentido de saber até onde você pode chegar. Antigamente diziam que "peso ideal" era a altura menos 10 do segundo dígito. Tenho 1,70, tinha que pesar 60 quilos. E sabe que eu até dei um jeito? Uma vez, quando eu tinha uns 19 anos. Foi um horror! Fiquei parecendo uma mortinha, Walking Dead com Tim Burton. Feio mesmo. Nunca mais pesei menos de 70, que quando eu chego perto acho o máximo! Com 75 tô ótima. Sadia, "gostosa", as roupas ficam bem. Abdome tanquinho só na outra encarnação mesmo, tenho é barriguinha. E nenhuma vontade de "chapar" nada em mim.

Agora que eu trabalho com moda, o que eu mais vejo são mulheres infelizes mesmo (quando falam descontentes na TV e nas revista, é eufemismo, não se enganem), com o próprio corpo. Arrasadas porque "não conseguem emagrecer". Sofrendo de verdade. E enquanto eu só sofro se o peso estiver me causando desconforto físico (os tais 80 e muitos), sinto que essas mulheres se colocam os objetivos impossíveis, e aí fica muito penoso pensar em começar qualquer mudança. e o resultado do "quero emagrecer e não consigo" é cada vez mais desânimo e ganho de peso.

Tem que ser que nem parar de fumar. Suporte um dia de cada vez que você suporta. E nem precisa malhar que nem doida. A maioria das pessoas consegue emagrecer sem exercício nenhum, só comendo menos e melhor e caminhando um pouco todo dia. Escolhe um dos trechos que você precisa fazer e vá a pé. Já resolve. E se eu e meu metabolismo italiano/polaco conseguimos, muita gente consegue também.

Que tal pensar em perder 1 quilo a cada duas semanas? "Ah mas isso é muito pouco!". Todo mundo quer resultado instantâneo. Mas é infinitamente melhor que engordar um quilo a cada semana. O saldo vai ser 2 quilos a menos em cada mês (e que você vai conseguir manter) ao invés de 4 a mais. E depois, todo mundo reclama que o "tempo voa", mas na hora da dieta... Hehehehehehehe.

Acho também que falta auto-estima. Demais! A maior parte das mazelas femininas que inspiram protestos e feminismos vêm dessa carência. Mulher se deixa muita coisa. Se deixa enganar, humilhar, abusar, se deixa ser maltratada. Mais vezes e por mais pessoas que elas imaginam.
É só olhar as fotos abaixo e responder: Qual das mulheres é a mais bonita?



A imagem de baixo é da campanha nova da Lança Perfume e devia ser proibida! Em movimento, na TV, essa moça parece um cadáver só de pele e osso andando para lá e para cá em vestidos que pesam mais que ela... E sempre que eu vejo essa propaganda eu penso em meninas adolescentes tentando virar isso aí. E aí, vou da indignação ao pânico puro.

Já a outra senhorita... Que mulherão, einh? ;)


terça-feira, 1 de setembro de 2015

Conceitos... como não tê-los?

Tem tanta gente "enchendo o saco" para rever conceitos que andei pensando na abrangência do movimento. Parar de comer carne, por exemplo. Uma galera raivosa acha que já deu a estadia no topo da cadeia alimentar. Temos que voltar atrás um passo para deixarmos de ser assassinos. Assassinos? Peralá! Será que eles não estão pegando um pouco pesado demais?
E se a gente fizer um paralelo com ter filhos? Para mim, é tão natural quanto comer carne. Natural, no sentido de faz parte da natureza humana. Somos carnívoros e procriamos como tantos outros animais, para dar continuidade à espécie. Mas enquanto comer carne está quase se tornando um crime, procriar é lindo. Ter filhos é maravilhoso, todo mundo apoia, incentiva e estranho é o ser, principalmente a mulher, que não está a fim de assumir essa responsabilidade. Que é monumental. Mas ninguém parece se dar conta disso.
A vida do boi no matadouro é muito mais importante do que a vida de milhares de crianças que nascem todos os dias de pais ineptos, relapsos, violentos, sem o menor preparo para se responsabilizar (no sentido literal da palavra) durante muitos anos, por uma vida humana. Mães e pais tem "sorte" quando os filhos são bonzinhos ou educadinhos, ou "azar" quando o moleque vira um marginal sem vergonha. Fácil, né? Responsabilidade, necas! Claro que tem campanha para criança não apanhar e não passar fome, mas isso é o extremo da desumanidade. E esse monte de criança mal-educada? Aí não é um problema de verdade.
Conceitos são coisas difíceis de abandonar. Quase impossíveis de mudar, quando estão arraigados há tanto tempo numa consciência coletiva. Muita gente está jogando pedras no vizinho sem avaliar seu próprio quintal. "Ah, mas vou ensinar meu filho a ser humano, não tirar nenhum tipo de vida para o seu prazer." Ok. Está disposto a ensinar a dizer obrigado? Tem forças para se despir de qualquer preconceito que a sua geração aprendeu de sobra para que essa criança aceite como iguais todos os tipos de pessoas? Vai ser um ser humano que respeita autoridade? (ela sempre vai existir em sociedade e tem seus méritos, sim). Ou o resultado vai ser um vegano tão babaquinha quanto tantos outros jovens, que se acham criança índigo, especial, one of a kind, mas não juntam uma meia do chão e acham que seu primeiro emprego tem que ser como CEO?
É... São muitos e muitos anos de responsabilidade. Um trabalho bem grande para colocar mais gente em um mundo que não precisa em absoluto de mais gente. Para aumentar a quantidade da única espécie que é nociva à natureza. Para quê? Para você se sentir completa(o)? Ou porque é natural?
Então, para muita gente comer carne é tão natural quanto. E enquanto muitos lutam pela causa dos animais, muitos outros criam filhos de forma cada vez pior.
Ontem eu estava andando na rua e um pouco à minha frente tinha uma moça num vestido super curto e esvoaçante, meias finas e botas de cano alto. Também à minha frente iam dois rapazes, claramente voltando do almoço para o trabalho. A forma como eles olharam fixamente para a "parte traseira" daquela moça foi muito intensa (ela estava de costas e não viu nada). E essa é uma situação que eu vejo nas ruas todos os dias. E se você pensou "Mas o vestido não era curto? Ela queria chamar a atenção mesmo", você é uma das pessoas que vai criar pessoas que não respeitam as mulheres. Conceito. Um dos mais antigos da humanidade de que os homens são donos das mulheres. Muita gente luta para mudar isso, mas muito mais gente aceita essa condição e, pior, finge que é moderno e que não tem um pingo de machismo na cabeça.
Sei...
Quer um ótimo exemplo prático? Há anos meu noivo tenta me convencer a fazer um processo com as roupas brancas dele para desencardir tudo. Tem que esquentar água, misturar sabão e álcool, deixar de molho, sei lá. Um processo que eu nunca fiz porque minhas roupas não ficam encardidas. Há anos eu digo para ele "que bom que funciona! pode fazer sempre que você quiser". E ele fica me olhando com aquela cara. Na cabeça dele, como eu lavo a roupa, tenho obrigação de cuidar das necessidades especiais das roupas dele. Na minha, eu lavo a roupa dele como eu lavo tudo. Jogo na máquina e sai do jeito que sair. Eu não tenho roupa encardida. Portanto...
O acúmulo das pequenas concessões, para mim, é muito mais nocivo que uma grande causa. Repensar só os conceitos que são desconfortáveis para você, sem pensar no todo, também é bem perigoso. O mundo nunca vai ser um lugar exclusivamente de veganos praticantes de ioga. Mas ele deveria ser, sim, um lugar onde as pessoas abandonaram os preconceitos contra outros seres humanos, onde ninguém se acha no direito de tomar nada de ninguém, e onde se cresce e evolui pelos próprios méritos e curiosidade. Esse, para mim, seria o mundo ideal e muita gente vai dizer que é utopia.
Mas esse também é um conceito que é diferente para cada um de nós.



sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Momento político: o que eu entendi até agora.

Desde que as primeiras manifestações aconteceram lá em 2013 que eu tenho a mesma sensação de que tem alguma coisa muito errada nesse processo de "politização" brasileiro. Não vou tecer teorias da conspiração, mas ainda estou em busca de respostas quanto aos interesses nessa grande ruptura social que se instalou no país.
Em 2013, eu comentei muito que faltava foco. "Não foi pelos 20 centavos", mas até agora ninguém sabe por que foi. Se fosse descontentamento com o governo, ele não teria sido reeleito um ano e meio depois. E como as "manifestações" continuam, essa lógica faz algum sentido e aí teríamos que descobrir quais são as verdadeiras demandas. Eu ainda não sei.
Entendo que esse governo tem um lado bom diferente dos outros lados bons a que o povo estava acostumado. O que não significa que eu concorde com essas barbaridades que tanta gente fica martelando sobre uma "elite" podre, preconceituosa, que tem ódio de pobre, que não quer o pobre na faculdade... Faça-me o favor. Isso existe, claro, não sou tão ingênua assim, mas se todo esse mundo de gente que foi às ruas (eu não participei de nenhuma manifestação, que fique claro, realmente ainda não entendi o que está acontecendo o suficiente para ter uma opinião formada) tivesse esse perfil não ia ter manifestação pacífica no domingo, ia ter guerra civil e chacina em favela.
Então alguém está criando essa imagem do "odiador de pobre" como uma coisa comum a qualquer um que não seja beneficiado do Bolsa-Família. Por quê? Quem ganha o quê com esse novo "mapa" do povo brasileiro?
Mídias alternativas como as mídias sociais têm um grande papel nessa mudança de paradigmas. Mas nada me convence que o que está acontecendo é resultado único e direto da estupidez do povo reverberada na rede. E olha que eu não subestimo a estupidez humana nunca! Mas isso me parece um pouco demais. Eu nunca vi tanto ódio gratuito, tanta gente equivocada falando besteira, de uma lado e de outro. Tanta miopia.
A ala que defende a troca de governo se apoia em verdades de televisão, e eu mesma já não sei mais se há qualquer manifestação midiática que possa ser levada a sério como fonte. Tamanha é a minha sensação de que agora todo mundo tem um lado e ninguém está a salvo de influências. Li em algum lugar (e não vou citar fontes exatamente por que não adianta nada) que não há provas concretas em lugar algum de corrupção por parte da presidente no caso da Petrobrás. E que se não houver crime, não há base para impeachment.
Aí a ala que defende o governo fica repetindo gritos de "golpe"! Golpe? Uma parcela enorme do país vai para a rua não uma, mas três vezes, como parte de um golpe? Orquestrado por quem? Podia usar essa competência toda e dar o golpe de dentro mesmo, sem envolver a "elite odiadora de pobre", não? Se a gente avaliar, é tão absurdo que parece roteiro de filme. E aí, uns mais ignorantes fazem a bobagem de disseminar discursos de ódio, machismo, de retorno da ditadura, e está feita a lambança. Todo o esforço para que uma população que viveu quase a vida toda na inércia se movimentar, jogado por água à baixo. Qualquer credibilidade direto pro lixo.
E tome-lhe "esquerdista" postando foto de cartaz escrito errado, adolescente falando absurdo, gente com a camisa do Brasil ignorando o mendigo. Como se a outra ala estivesse fazendo manifestações para arrecadar doações para ajudar os moradores de rua. Pelo contrário, dizem que ainda ganham para vestir a camiseta vermelha.
Quem dizem? Sei lá, não dá para confiar em mais ninguém mesmo.

Continuo entendendo bem pouco do que está acontecendo. Acredito que a presidente foi eleita de forma legal e democrática. Para mim a fraude eleitoral é só mais uma teoria da conspiração que forneceria uma saída fácil. Aí sim, talvez eu acreditasse em golpe.
A única coisa que eu percebo bem, e que me causa muita apreensão é o fato de que todo mundo parece esquecer que somos um povo só. Inclusive os defensores fervorosos do PT, um partido que já foi essencialmente de esquerda, vão na contra-mão de tudo que deveriam pregar. Insistir nessa separação entre "elite" e "pobre" que se relacionam somente através de ódio e preconceito é um desserviço ao progresso nacional. Insistir que naquele mar de gente só tinha elite privilegiada querendo se livrar dos pobres é simplista, maniqueísta ao extremo e estúpido pois exclui (de qualquer lado, diga-se de passagem) uma enorme parcela da população que está sim sofrendo uma crise séria, que está tendo dificuldades em manter seu emprego e sustentar sua família, que não aguenta mais pagar todas as "contas", a do rico e a do pobre, que precisa ser levada em consideração como parte da população brasileira que é. Insistir nesse discurso é fazer exatamente o que a elite do PT está fazendo (ah vah, como se não tivesse elite na "esquerda"), ignorar quem está realmente precisando de uma atitude, precisando que as coisas mudem.

E logo esse povo que nunca botou fé em político nenhum resolveu agora vestir camiseta de partido e defender fervorosamente, com um ódio cego. Então agora ao invés de odiarmos políticos, odiamos uns aos outros. Por quê?


terça-feira, 4 de agosto de 2015

Experiência X Humildade

Eu sei uma porrada de coisas. Sou culta e inteligente. Mas tenho certeza que não sei mais coisas do que sei, e essa é a afirmação mais importante da minha vida.
De tempos em tempos, nos deparamos com pessoas que passaram por diversas experiências, que acreditam que descobriram verdades incríveis, que desvendaram mistérios. O problema é quando elas afirmam isso o tempo todo.
Eu já tive problemas com minhas opiniões fortes. Sou obstinada e cabeça-dura. Quando cismo que estou certa, é bem difícil me convencer do contrário. O exercício que me proponho, cada vez mais, é tentar reduzir as vezes em que "tenho certeza". Por mais doído que seja, admitir que eu posso estar errada é o melhor caminho para aprender cada vez mais.
E acho que essa atitude falta a muita gente. Imaginar que, sim, você pode estar errado. Imaginar que mesmo que não esteja, sempre existe algo de novo a aprender. E entender sempre, e acima de tudo, que suas experiências servem apenas para você. Ouvi Marilu Beer falar isso uma vez e virou um mantra na minha vida. Muita gente fica enfiando conselho goela abaixo nos outros porque acha que já viveu algo parecido e sabe o que fazer. Sabe. Se acontecer novamente com você mesmo. Mas sua solução pode não servir em absoluto para outra pessoa. Que é diferente de você. Todo mundo é diferente de todo mundo.
Compartilhar experiências é ótimo, e pode ajudar muita gente próxima. Suas "dicas" podem trazer ideias novas, auxiliar na solução de problemas, ser uma luz mesmo. Mas fique na sugestão. Pratique essa humildade. Ela é libertadora.


quarta-feira, 8 de julho de 2015

Um desabafo...

Muita gente no mundo achando que tem opiniões válidas. Muita crítica sem visão do próprio umbigo. Muito equívoco ideológico. Muito absurdo prático. Só eu acho um absurdo a essa altura da evolução da humanidade ainda existir preconceito? De qualquer tipo? Só eu acho que os vegetarianos que ficam agressivamente enchendo o saco dos amigos são completamente birutas em acreditar que vão conseguir acabar com a indústria de alimentos de origem animal? Nessa geração ou nas próximas? Só eu fico completamente indignada com o paternalismo político que está acabando com a economia do país enquanto cada vez mais gente pede esmola na rua? Só eu acho que em tempos de século XXI as religiões já deveriam ter sido completamente abolidas de qualquer âmbito político, inclusive como base para a tomada de qualquer decisão? Só eu tenho pavor dos dogmas e do sabonete antibacteriano na mesma medida? Muito ato falho. Muita falta de caráter. De quem governa e de quem reclama da falta de caráter do governo. Falta menos grito de "juntos pela causa" e mais fazer a sua parte direitinho. Sem desvios. Sem jeitinho. Sem "uma vez só pode". Sem se dar a desculpa que sozinho não se consegue nada. Cada vez mais o futuro está nas atitudes individuais. Porque quem se sente parte de um coletivo "correto", se perdoa nos pequenos desvios (o cara correndo que nem um maluco numa ruazinha de bairro com criança no carro e um adesivo de "jesus me guia", ou o outro que não recicla porque "não tem isso no prédio", mas vai reciclar quando tiver, com certeza). Muita irresponsabilidade. Muita autoindulgência que está deixando as pessoas gordas, descontroladas e podres. Quer lutar por uma causa? Vai lá. Mas tente encontrar quem quer lutar a mesma luta ao invés de ficar tentando convencer quem não quer. Muito egoísmo. Muita ignorância virando arte. Entrando para a "cultura" popular. Atrações super produzidas, com o único objetivo de encher os bolsos de algumas pessoas de dinheiro, tratadas como manifestações de cultura, que aliás não existe mais. Culto virou sinônimo de esnobe. E até a língua está indo por água abaixo para "oportunizar" um falar popularesco. Sem preconceito com o analfabeto, ele pode virar seu presidente. Muita onda, muita moda, muita falta de paciência. Muita falta de decoro e bom senso. Muito pouca elegância. Muito interesse pela desgraça. Interesse demais pela desgraça, pelo sofrimento, pelo infortúnio. Alheio, claro. Kennedy estava certíssimo (deve ter sido por isso que ele morreu) quando disse aos americanos "Não se pergunte o que o país pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo seu país". Muita gente que reclama que o país não presta, mas está longe de ser um cidadão decente. Muita ganância. Muito pouca ambição. Muito comodismo. Muita gente que se acha especial. Gente demais que se acha mais importante ou mais certo que os outros. Gente demais.

terça-feira, 16 de junho de 2015

O mundo não é seu espelho.

30 anos atrás a classe média não tinha celular, nem computador, nem telefone sem fio, nem controle remoto. Nunca se viu tanto avanço tecnológico em tão pouco tempo. Muita coisa melhorou, e bastante, mas muitos conceitos de mais de 2 mil anos de idade vão ter que ser revistos para que a nova sociedade, "global" (explico as aspas depois), interconectada, possa funcionar em sua melhor forma.

1. A noção de moral precisa mudar. Urgentemente.
O que há muitas e muitas centenas de anos consideramos moral é amplamente baseado na moral religiosa. Por isso tanto ódio, tanta intolerância, porque as religiões são, em sua maioria, dogmáticas. Trechos da bíblia são citados, como se ela fosse um documento legal que rege a vida de toda a humanidade. Já chegou bem perto disso um dia, mas não é mais. A nova moral deve ser unicamente social, ou seja, o que é contra a lei e o que não é devem ser as únicas regras impostas ao ser social.

2. A mídia precisa se encontrar.
Uma crise gerou a outra. A tecnologia abriu espaço para novos meios de comunicação, o que derrubou a rentabilidade dos meios existentes gerando uma diminuição drástica de recursos e equipes. Esse movimento acabou derrubando também a qualidade do que se publica. Nesse ínterim, esses mesmos meios se "adaptaram" e, passada a fase da reestruturação, perceberam que, para sobreviver, tinham que abraçar também os novos canais. Isso gerou a segunda crise, a de conteúdo. Temos hoje conglomerados atirando material para todo lado com uma qualidade horrorosa. Primeiro, cada meio vai ter que encontrar sua própria identidade e não ficar ecoando o mesmo material (ruim) gerado por uma equipe sobrecarregada. Segundo, equipes muito mais especializadas terão que ser "recriadas" para gerar conteúdo relevante e garantir o lugar de cada tipo de meio (impresso, tv, digital, cabo, mobile etc). Só depois disso tudo pode-se pensar em menos sensacionalismo que, inclusive, tem uma influência gigantesca na resolução do problema 1.

3. A política precisa virar profissão regulamentada, como qualquer outra.
Não é revisando detalhes ou mudando algumas regras de um sistema podre que ele vai mudar. As bases precisam de revisão urgente! Por que qualquer cidadão comum precisa fazer 4 anos de faculdade para ser considerado em posições muito menos importantes? Por que político não é tratado como um trabalhador comum? Por que eles tem qualquer tipo de acesso às regulamentações de seus cargos e salários? Adianta o quê ser um cargo eleito se ninguém mais tem nenhum tipo de influência nas outras características da posição? As exigências precisam aumentar, assim como as responsabilidades. Elas deveriam ser as mesmas sob as quais qualquer cidadão trabalhador vive nas empresas.

4. As pessoas precisam entender a diferença entre informação e opinião.
Não é porque existem canais nos quais qualquer pessoa pode se expressar que o que todo mundo tem a dizer ganhou importância. Se o que uma pessoa diz não é embasado, ou no mínimo bem informado, não passa de opinião. E opinião, cada um tem a sua, sem qualquer obrigatoriedade com a verdade. Isso é fundamental, e não deve nunca ser esquecido. A reverberação de bobagens sem fundamento, repetidas e compartilhadas à exaustão, por pessoas que não se dão ao trabalho de verificar se há qualquer fundamento na "notícia", está emburrecendo o povo cada vez mais. E está transformando as redes sociais em paródias perigosíssimas da vida real.

5. A globalização real está muito distante ainda.
Algo acontece do outro lado do planeta e eu fico sabendo imediatamente. Isso não é exatamente globalização. Temos acesso ao mundo de uma forma nunca antes experimentada e uma das maiores vantagens é não sermos mais vítimas de visões distorcidas de segunda ou terceira mão, por mais bem intencionadas que fossem. Porém, muita gente está acreditando que esse acesso todo significa que se sabe do outro e que estamos ficando todos iguais (ou que deveríamos ficar, pior ainda). Um exemplo claro são "abaixo-assinados" virtuais contra ameaças locais, que rodam o mundo, com gente "aderindo" sem nem saber do que se trata, ou comportamentos culturais dos quais nada se sabe fora da região. Isso quando os documentos são verdadeiros, ou mesmo reais. Ainda há que se entender exatamente o que a globalização está permitindo. É uma chance extraordinária de se conhecer e perceber as inúmeras diferenças entre povos, pessoas e culturas para que se possa respeitá-las cada vez mais.

O mundo não é seu espelho, nem é o espelho.
O mundo é um espelho.




terça-feira, 2 de junho de 2015

The Jenner effect.

Ok, então Bruce virou Caitlyn. E como tudo que bomba nas redes sociais, está entupindo timelines com "contras", "a favor", "sei lá" e "onde o mundo vai parar?"... As reações são bastante adversas e é um pouco difícil não sentir uma certa estranheza afinal, a ex "ele" foi casada com mulheres e tem filhos.
Dito isto, Bruce Jenner faz parte de uma fatia de indivíduos que vai se tornar cada vez mais rara. Não porque os transgêneros diminuirão, aparentemente esses números só aumentam, mas porque as mudanças tão rápidas pelas quais a sociedade está passando nos últimos 20 anos não irão mais criar personagens como ele (ela).
Se lembrarmos que há menos de 50 anos ainda se "tratava" homossexualidade de formas bárbaras, podemos entender o que parece ser um fenômeno LGBT (gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais) como nunca antes visto nos anais (no pun inteded...) da história.
Muito pouca coisa mudou, na verdade. Gays, trans e todas as variações são pessoas que sempre nasceram assim, e continuam nascendo assim. O que vem mudando é a visibilidade, o conhecimento, a tolerância. Essa última ainda precisa de muito ajuste, admito, mas deem um desconto para qualquer geração acima de 40 anos (e mesmo uma fatia grande de gente mais jovem). Esse pessoal foi criado com valores baseados principalmente na moral cristã, e mesmo que fosse outra a religião, elas todas ditavam muito do que se considerava apropriado na vida de qualquer pessoa. Os dogmas, quase todos desfavoráveis a qualquer "desvio" da família tradicional composta de homem, mulher e filhos concebidos no casamento, são parte de quem essas pessoas são, e imagino como seja difícil para elas entender o que está acontecendo.
O que me traz de volta a Jenner. Claro que a transformação causa estranheza. Mas homens e mulheres obrigados a passar a maior parte da vida vivendo uma mentira serão cada vez mais raros, e essa é a parte boa. Nos acostumamos com a versão homem dele e por isso a capa da Vanity Fair parece tão bizarra para a maioria. Jenner só se casou e teve filhos porque a sociedade em que ele cresceu não aceitava outra coisa. Pode ser bem complicado para esses filhos, mas muito em breve não existirão mais filhos passando por esse tipo de situação. Assim como pais e mães de qualquer inclinação estão cada vez mais aptos a entenderem filhos que se percebam gays, trans etc.
Tenho 37 anos e me considero parte de uma geração de transição em tantos aspectos que não sei como consigo manter a sanidade... (hehehehehe). Sou uma das últimas faixas etárias a vir de "não tinha nada" (em casa era telefone e TV, colorida mas sem controle remoto, e só), para tem tudo (telefone, celular, TV à cabo, internet, smartphone, wi-fi, bluetooth, cartão de débito, MP3, 3G, 4G e mais um milhão de coisas). Parece que tudo isso sempre esteve por aí, mas essas mudanças são muito recentes e, mesmo jovem, eu vi a maioria delas surgir e se firmar.
Só para se ter uma ideia, o primeiro cartão de crédito do Brasil foi o Diners que só começou a "circular" em 1968. Já o cartão magnético para contas bancárias é ainda mais novo, foi criado pelo Bradesco em 1981! Antes disso, tinha que ir ao banco sacar dinheiro. Na boca do caixa. Por isso o sistema que mais se usava era o cheque. Eu mesma tive talão antes de ter cartão. E digo mais, eu já estava no ginásio quando a ditadura acabou no Brasil. (a velha! :D)
Estou escrevendo tudo isso porque a intolerância está gerando intolerância do outro lado também. Os "esclarecidos" fulos da vida com os "retrógrados", estão se portando de forma cada vez mais agressiva. E isso nem é uma questão de idade, mas de criação e índole. Valores são formados muito cedo e é bem difícil mudá-los. Por ter tido a chance de optar entre seguir uma religião ou não (optei pelo não) sempre achei quase tudo normal e gosto de pensar que sou uma pessoa sem preconceitos desse tipo. Mas tive os dois exemplos em casa. Minha mãe era mais liberal, sempre frequentou a noite e tinha amigos gays. Meu pai era homofóbico, machista e preconceituoso. Ambos estariam com menos de 65 anos hoje, bem jovens. Também não é questão de inteligência racional, quem tinha o diploma era ele, não ela. É tudo muito mais complicado que isso.
Então, antes de explodir em intolerância com os intolerantes, tente dar uma colher de chá. Aposto que muitos deles estão fazendo uma força danada para entender, e aceitar, o que está acontecendo. Só que não estão fazendo alarde em relação a isso.

terça-feira, 26 de maio de 2015

De Ressaca (Luis Fernando Veríssimo)

"Hoje, existem pílulas milagrosas, mas eu ainda sou do tempo das grandes ressacas. As bebedeiras de antigamente eram mais dignas, porque você as tomava sabendo que no dia seguinte estaria no inferno. Além de saúde era preciso coragem. As novas gerações não conhecem ressaca, o que talvez explique a falência dos velhos valores. A ressaca era a prova de que a retribuição divina existe e que nenhum prazer ficará sem castigo.
Cada porre era um desafio ao céu e às suas feras. E elas vinham: Náusea, Azia, Dor de Cabeça, Dúvidas Existenciais - as golfadas. Hoje, as bebedeiras não têm a mesma grandeza. São inconseqüentes, literalmente. Não é que eu fosse um bêbado, mas me lembro de todos os sábados de minha adolescência como uma luta desigual entre a cuba-libre e o meu instinto de autopreservação. A cuba-libre ganhava sempre. Já dos domingos me lembro de muito pouco, salvo a tontura e o desejo de morte.
Jurava que nunca mais ia beber, mas, antes dos trinta, "nunca mais" dura pouco. Ou então o próximo sábado custava tanto a chegar que parecia mesmo uma eternidade. Não sei o que a cuba-libre fez com meu organismo, mas até hoje quando vejo uma garrafa de rum os dedos do meu pé encolhem.
Tentava-se de tudo para evitar a ressaca. Eu preferia um Alka-Seltzer e duas aspirinas antes de dormir. Mas no estado em que chegava nem sempre conseguia completar a operação. Às vezes dissolvia as aspirinas num copo de água, engolia o Alka-Seltzer e ia borbulhando para a cama, quando encontrava a cama. Mas os métodos variavam.
Por exemplo:
Um cálice de azeite antes de começar a beber - O estômago se revoltava, você ficava doente e desistia de beber.
Tomar um copo de água entre cada copo de bebida - O difícil era manter a regularidade. A certa altura, você começava a misturar a água com a bebida, e em proporções cada vez menores. Depois, passava a pedir um copo de outra bebida entre cada copo de bebida.
Suco de tomate, limão, molho inglês, sal e pimenta - Para ser tomado no dia seguinte, de jejum. Adicionando vodca ficava um bloody-mary, mas isto era para mais tarde um pouco.
Sumo de uma batata, sementes de girassol e folhas de gelatina verde dissolvidas em querosene - Misturava-se tudo num prato pirex forrado com velhos cartões do sabonete Eucalol. Embebia-se um algodão na testa e deitava-se com os pés na direção da ilha de Páscoa. Ficava-se imóvel durante três dias, no fim dos quais o tempo já teria curado a ressaca de qualquer maneira.
Uma cerveja bem gelada na hora de acordar - Por alguma razão o método mais popular.
Canja - Acreditava-se que uma boa canja de galinha de madrugada resolveria qualquer problema. Era preciso especificar que a canja era para tomar. No entanto, muitos mergulhavam o rosto no prato e tinham de ser socorridos às pressas antes do afogamento.
Minha experiência maior era com a cuba-libre, mas conheço outros tipos de ressaca, pelo menos de ouvir falar. Você sabia que o uísque escocês que tomara na noite anterior era paraguaio quando acordava se sentindo como uma harpa guarani. Quando a bebedeira com uísque falsificado era muito grande, você acordava se sentindo como uma harpa guarani e no depósito de instrumentos da boate Catito's em Assunção.
A pior ressaca era de gim.
Na manhã seguinte, você não conseguia abrir os dois olhos ao mesmo tempo. Abria um e quando abria o outro, o primeiro se fechava. Ficava com o ouvido tão aguçado que ouvia até os sinos da catedral de São Pedro, em Roma.
Ressaca de martini doce: você ia se levantar da cama e escorria para o chão como óleo. Pior é que você chamava a sua mãe, ela entrava correndo no quarto, escorregava em você e deslocava a bacia.
Ressaca de vinho. Pior era a sede. Você se arrastava até a cozinha, tentava alcançar a garrafa de água e puxava todo o conteúdo da geladeira em cima de você. Era descoberto na manhã seguinte imobilizado por hortigranjeiros e laticínios e mastigando um chuchu para alcançar a umidade. Era deserdado na hora.
Ressaca de cachaça. Você acordava sem saber como, de pé num canto do quarto. Levava meia hora para chegar até a cama porque se esquecera como se caminhava: era pé ante pé ou mão ante mão? Quando conseguia se deitar, tinha a sensação que deixara as duas orelhas e uma clavícula no canto.
Olhava para cima e via que aquela mancha com uma forma vagamente humana no teto finalmente se definira. Era o Peter Pan e estava piscando para você.
Ressaca de licor de ovos. Um dos poucos casos em que a lei brasileira permite a eutanásia.
Ressaca de conhaque. Você acordava lúcido. Tinha, de repente, resposta para todos os enigmas do universo. A chave de tudo estava no seu cérebro. Devia ser por isso que aqueles homenzinhos estavam tentando arrombar a sua caixa craniana. Você sabia que era alucinação, mas por via das dúvidas, quando ouvia falar em dinamite, saltava da cama ligeiro.
Hoje não existe mais isto. As pessoas bebem, bebem e não acontece nada. No dia seguinte estão saudáveis, bem-dispostas e fazem até piadas a respeito.
De vez em quando alguns dos nossos se encontram e se saúdam em silêncio. Somos como veteranos de velhas guerras lembrando os companheiros caídos e o nosso heroísmo anônimo.
Estivemos no inferno e voltamos, inteiros.
Um brinde.
E um Engov."

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Etiqueta não é coisa de deus!!!

Vamo lá... Tem coisa mais infeliz, do tipo "quem foi que teve uma ideia de jerico dessas?", do que etiqueta?

Qualquer uma que vem costurada na roupa pinica. Não incomoda, simplesmente. Pinica! O incômodo mais incômodo de todos!!! Aí você vai tirar a danada. Se você corta com a tesoura, só piora a situação, pinica mais ainda. Lá em casa o nome disso é "filhinhos" da etiqueta. Ela vai, mas deixa os filhinhos para fazer o trabalho dela.
Se você resolve tirar na costura, ou leva 10 anos para você conseguir sem estragar a roupa (isso com a ferramenta certa, que é aquela tesourinha minúscula de cortar unha de neném, e na luz certa que é ao ar livre num dia ensolarado antes das 16h), ou você corta junto a roupa novinha...

Etiqueta de colar é outro drama. Colada direto na roupa (o que é bem raro hoje em dia) puxa fio e dá uma deformada quando a gente descola. Isso quando não sobra cola na roupa, aquela melequinha no tecido. Mas quando a etiqueta está colada em plásticos ou outros materiais rígidos, ela nunca mais vai descolar daquela coisa. Tirar o preço do DVD que você vai dar de presente? Sem chance! Melhor mergulhar a embalagem toda em tinta preta. E etiqueta de copo? Aquela bem pequena no fundo? Ou etiqueta de vidro de condimento que você quer tirar para usar o vidro limpinho depois? Tem que amolecer na água, esfregar e quando a esponja de louça tira tudo do vidro aonde foi parar a etiqueta? Colada na esponja!!! Todos os seus pedacinhos amolecidos, de um jeito que toda a sua louça terá resquícios de cola por um bom tempo. E tenta tirar para você ver. Duas semanas depois ainda tem tequinho colado no fundo da pia. Mas a pior de todas é a etiqueta no tuperware. O plástico é mais poroso, sei lá, o bicho já tá amarelo pelos anos de uso e o restinho da etiqueta tá lá na parte de baixo, firme, forte e cinza! Mas tá lá...

Ainda no tópico "etiquetas autocolantes" já tentou imprimir etiqueta numa jato de tinta comum? Já? Usando o "código" no word? Já? Já?

Então nem preciso falar nada...

Por último, agora que eu tenho loja de roupa e preciso colocar minhas tags em tudo que chega (a tag é a etiqueta de papel cartão que fica presa por aqueles plastiquinhos que a gente tenta arrancar quando chega em casa e estraga a roupa, ou machuca os dedos, e aí resolve pegar a tesoura), e posso dizer que elas não são melhores. A tag em si não incomoda muito (enrosca no tricot e puxa fio toda hora, mas só se a gente não for cuidadoso). Mas os plastiquinhos... Aquela pistola de colocar tag + plastiquinho na roupa é a coisa mais temperamental que inventaram! Só funciona quando quer e como quer. É mais temperamental que a minha gata! E ai de você se não tomar cuidado, a agulha daquela coisa te fura o dedo grandão. Porque ela é enorme. Machuca. Sangra, sabe? Para amenizar estou usando plastiquinho auto encaixável. Há!

O Wi-Fi vai acabar livrando a gente dos fios (amém nóis tudo!). Mas quem há de nos livrar das etiquetas?





sexta-feira, 8 de maio de 2015

Ser mãe...

Em vésperas de dias das mães, sempre acabo me lembrando da minha, e da relação difícil que tivemos. Apesar de não ser má pessoa, minha mãe maltratou quase todos aqueles que a amavam. À sua maneira, ela acreditava em coisas que eram extremamente nocivas para essas pessoas. E ela levou a vida assim, minando todos os seus relacionamentos, até sua morte extremamente prematura, de câncer. Minha mãe tinha 53 anos.
Convivi com ela quase 30, e muito aprendi sobre a natureza das relações humanas. Eu não gostava da minha mãe. Foram mais de 20 anos e dois terapeutas para eu chegar a essa conclusão. Eu não gostava da minha mãe como pessoa. E aprendi também que isso é perfeitamente normal. Muita gente me olha com "aquela" cara quando eu falo isso, mas infelizmente, minha mãe era um ser social como todos nós e eu, como outro ser social, com minhas crenças e preferências, não tenho obrigação nenhuma de gostar de ninguém.

"Mas é sua mãe!"

E daí? Estando do lado de cá de uma relação mãe e filha bem complexa, eu falo para todas as minha amigas que estão tendo filhos: cuide dele, mas cuide da relação de vocês mais que tudo. Essa criança não tem obrigação nenhuma de te amar, não importa quantas horas de parto você passou. Essa escolha foi sua, não dela.
Pode parecer estranho, duro ou frio, mas muita mãe por aí - que está loucamente espalhando mensagens bonitinhas e engraçadinhas para que ninguém esqueça que elas têm direito ao seu lugar no panteão das "santas" -  não sabem o que estão fazendo, criam filhos de forma egoísta e vão ter grandes problemas lá na frente. Porque se esquecem que se tornaram mães para satisfazer um desejo pessoal, e que ninguém deve nada a elas por causa disso.
Carinho se ensina, empatia se conquista, até gratidão pode ser cultivada. O relacionamento que você vai ter com seu filho, nunca se esqueça, depende primeiro de você. E mais importante que as decisões sobre o tipo de fralda ou leite do bebê, as mulheres precisam se preocupar em ser uma mãe generosa, não com dinheiro, mas com afeto e ideias, com criatividade e paciência, com companheirismo. Ser mãe, a partir do momento que o serzinho sai da barriga, não é ser nada como os cartões bonitinhos pregam por aí. Ser mãe é aprender todo dia a ser a melhor pessoa possível para aquela outra pessoa que não pediu para nascer. Você optou por colocar no mundo.

Não sou mãe. E quando falo qualquer coisa sobre esse tipo de assunto, sempre levo o tradicional "espera você ser mãe para você ver"... Não precisa. Sou filha não sou? Ou só é válido o ponto de vista da mãe? Porque quando se tornou mãe a mulher recebeu uma carga "divina" de sabedoria? Porque agora ela faz parte de uma outra parcela da população feminina? Porque agora ela é melhor?

Não, né?

sábado, 11 de abril de 2015

Gilmore Girls

Tudo bem que é das antigas, já acabou faz teeeempo, mas esse é mais um motivo para conhecer a série, e comprar o box todo que está muito mais barato agora! Hehehehehe.
Gilmore Girls parte de uma premissa muito simples: moça rica engravida ainda adolescente, foge da casa dos pais, faz a vida sozinha e quando precisa colocar a filha adolescente num colégio particular deve recorrer a esses pais para garantir a educação de primeira.
O que fez a série uma das melhores do seu gênero, na minha opinião, foi a química entre as três gerações de mulheres Gilmore (as Gilmore Girls) e o modo incomum de escrita de seus roteiros. A criadora, Amy Sherman-Palladino, criou um padrão de 1/3 a mais de páginas de roteiro por episódio do que qualquer outra série. Isso resultou em diálogos rapidíssimos e garantiu um ritmo que nenhum outro programa tinha.



As referências à arte e cultura populares são uma constante nos diálogos e quem gosta desse tipo de coisa fica simplesmente hipnotizado. Filmes e música são assuntos sagrados na série e a dinâmica entre os diversos personagens de uma minúscula cidade americana é impagável. Nesse caldeirão ainda pode-se juntar personagens ultra pitorescos como a professora de dança (ex dançarina e cantora de cabaré) obesa, o esquisito da cidade que tem um monte de empregos e sofre de terrores noturnos, o administrador da cidade, uma espécie de prefeito que vive criando leis malucas, e participações especiais de figuras como Sebastian Bach e Sherilyn Fenn, e aí está uma série que já nasceu cult.

Gilmore Girls é sobre mulheres. Mulheres fortes e todos os perrengues pelos quais elas (nós?) têm que passar. Como todas as séries, tem seus altos e baixos, mas jamais perde sua doçura, ou senso de humor. Incrível do começo ao fim!

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Cada um com seu cada qual, né não?

Ontem eu assisti uma palestra sobre atendimento ao cliente. E foi bastante instrutivo no sentido de entender cada vez mais como as pessoas ainda não saíram do milênio passado. Foi uma hora de conceitos empresariais prontos, que todo mundo já ouviu um milhão de vezes e "sacadas" mais velhas que minha avó.

Opa! Todo mundo?

Comecei, ainda no meio da palestra, a pensar que não servia para mim em absoluto, mas que poderia muito bem estar servindo para outras pessoas no grupo, era um grupo muito grande composto por todas as camadas do varejo, do atendente ao gerente/proprietário.

O pecado então, nem foi da palestrante. Ela estava cumprindo o que foi pedido dela. Foi da organização que colocou todo esse povo num mesmo balaio, não para fazer com que aprendam a trabalhar juntos, mas para repetir conceitos básicos e ideias batidas.

E depois fica todo mundo se perguntando porque o pessoal não comparece, já que a palestra está sendo oferecida de forma gratuita. Passei por esse tipo de situação muitas vezes na vida. Você se vê obrigado a passar por um "treinamento" de tudo que você já sabe.

Aí eu me lembro da primeira vez que entrei numa escola de inglês. Eu falei para a pessoa das matrículas: "Quero começar do zero, não sei nada". E ela: "mas tem que fazer o teste de nivelamento". "Eu quero começar do começo". "Não posso te matricular sem o teste".

Resultado? Comecei meu curso no nível 4. E ela ainda me disse: "Viu? Você ia morrer de tédio e largar o curso se começasse no Básico 1". Ela que estava certa...

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Empoderamento o cacete!

Neste dia oficial da mentira, gostaria de alertar os leitores que não estou pregando nenhum tipo de peça com meu texto. Ele tem tanta intenção quanto tudo que eu escrevo...

Falo muito sobre a pobre geração X, na qual totalmente me incluo, e sinto cada vez mais pena dela... A confusão é tanta que parece que todo mundo sabe o que está fazendo, para onde está indo e o que vai ser, menos nós. Fomos criados para receber as coisas em troca de trabalho duro, porque o país estava mudando, saindo da ditadura, se modernizando. Não tinha dinheiro fácil, só se roubasse de alguém, e isso é errado. Agora a molecada fica milionária sem sair da frente do computador, ou quer ficar milionária sem sair da frente do computador. Computador este, aliás, que a muito custo aprendemos a mexer até bem, mas o qual nunca desvendaremos completamente. Dá uma baita sensação de incompetência.

A gente aprendeu a respeitar pais, avós, tios e a hierarquia. A gente não tinha tanta informação fácil, na palma da mão, mas corria atrás e lia tudo que pudesse. Claro que a gente assistiu muita TV e curtimos ícones pouco ortodoxos como Madonna e Michael Jackson, mas hoje esses dois parecem apresentadores de programa infantil perto do que a juventude gosta ou está exposta diariamente. E não adianta toda a informação do mundo. Estou vendo, desolada, essa joia completamente mal aproveitada e jovens cada vez mais fúteis, inúteis, egocêntricos, egoístas e estúpidos. Sem falar em entediados. Não tem alegria, porque as coisas simples estão fora do alcance. Simples assim.

Mudar é bom e evoluir, melhor ainda. Mas nesse processo evolutivo se perdeu uma coisa muito importante que é o respeito às diferenças culturais. A globalização dá a falsa impressão que elas simplesmente não existem mais, mas é exatamente o contrário, estão mais fortes do que nunca. E algumas manias vindas dessa evolução começam a dar preguiça na gente, a ocupar espaço demais, fazer gente demais se apoiar em muletas pouco eficientes.

Uma delas é o tal empoderamento, tão em voga atualmente. Não tem palavra que mais me irrite nesse mundo! Ela ofende todas as gerações anteriores de mulheres que conquistaram todas as ferramentas que essas "gurus" de hoje usam para ficar se empoderando na frente do computador (ele, novamente). Mulheres de verdade, que encararam nação, pais e maridos ultra machistas com um sorriso nos lábios e o cabelo alisado na touca. Que criaram suas famílias com um jogo de cintura que faria muita "poderosa" de hoje precisar de cirurgia no quadril. Que conquistaram tudo. Ainda há caminhos longos para se trilhar? Com certeza. Mas eles estão largos e pavimentados por conta dessas mulheres que nem sabiam que a palavra poder, que elas já tinham de sobra em sua força, fosse virar verbo um dia.
Essa noção de empoderamento ainda acaba justificando as fraquezas da mulher atual, que coloca nos outros as culpas por todas as suas mazelas, outra coisa bem em voga hoje em dia. Elas esqueceram que quase tudo que "fazem comigo" foi porque eu permiti. Então ao invés ficar se empoderando, assuma a responsabilidade por suas próprias escolhas e as consequências que vêm com elas.

Outro ponto difícil nessa evolução, o retorno do homem ao "natural" em diversos aspectos está cansando também. Vegetarianos, protetores dos animais e agora o exército das doulas está criando um terrorismo desnecessário em cima de pessoas que cresceram vendo propaganda de cigarro na TV e que inauguraram o primeiro McDonalds do Brasil. Eu não entro numa lanchonete dessas há mais de 10 anos e parei de fumar há 15 meses, o que não significa que eu vou "naturalmente" parar de comer carne, não importa quantas campanhas se façam nas redes sociais. Também concordo que o parto natural é lindo, não é violento e não é vergonhoso. O que não significa que eu quero ficar vendo foto de placenta congelada. Tanto quanto não me agradam imagens de grandes cirurgias, ou de animais mutilados. Sangue é sangue. Tem gente que não se importa de ver, tem gente que prefere evitar.
E realmente, alguma dessas grávidas lutando pelo direito de aparecer no Facebook em toda sua glória dando à luz numa banheira acha que está prestando algum tipo de serviço a alguém? Essa é uma decisão completamente pessoal, e as grávidas, no final das contas, estão apenas se expondo. E pior, expondo uma intimidade da vida desse mesmo bebezinho que está saindo de dentro delas e que pode não gostar nada disso daqui a alguns anos.

E por falar em animal mutilado, muita gente entendeu muito errado o conceito de informar as pessoas do que está acontecendo... Organizações e mais organizações utilizando imagens chocantes, arrasadoras, só para tocar fundo o emocional e levantar verbas. Aí é aquele bombardeio de bicho maltratado, com metade da cabeça (porque a outra metade tá coberta de vermes), mutilado, abandonado. As pessoas conscientes sabem que isso acontece e lutam para que aconteça cada vez menos. As pessoas que provocam isso não vão mudar por causa do post no Facebook, porque elas não têm caráter. E as pessoas que resolveram ser engajadas nesse sentido, deveriam fazer pelo amor à causa, deveriam buscar seus meios de apoio de forma mais criativa e graciosa. Porque toda vez que eu vejo uma imagem dessas, primeiro eu tenho vontade de chorar. Não tenho vontade de correr para doar dinheiro para ajudar o bicho, tenho vontade é de pegar a pessoa e encher de porrada por jogar com uma coisa tão delicada quanto a vida de forma tão baixa.

O que me traz a mais um ponto bem importante para mim, que é a cultura da culpa. Já falei disso. Tem tanta gente trabalhando para eu me sentir culpada por não virar vegetariana, por não salvar todos os animais e todas as crianças carentes e doentes do mundo, por eu talvez querer um parto indolor caso eu venha a ficar grávida, por eu apoiar ideias como a legalização do aborto, entre outras coisas, que deu no que deu. Agora também sou culpada por ser classe média, ter um carro, gastar meu dinheiro ganho honestamente no que eu quiser, e não ser petista.

Logo eu, que fiz anos de terapia para me livrar da culpa que minha mãe me ensinou a carregar! Acho que vou ter que me empoderar...

segunda-feira, 23 de março de 2015

Saldo da semana...

Aí resolveram protestar no domingo passado. E eu fiquei vendo aquilo e chorando de apreensão. Nenhum outro sentimento, só apreensão. Veio na sequência a semana do aniversário da morte do meu pai e do que seria o aniversário de 62 anos dele. Fiquei extra sensível e cometi um erro irreparável: resolvi tentar entender o que está acontecendo no País, principalmente entre os dois "lados" políticos que se instalaram.
Conversei com os petistas (só gente que eu conheço e respeito), li um monte de coisas, fui atrás de descobrir outras e o saldo foi nível de stress aumentado, mais pesadelos que o normal (eu tenho muito pesadelo) e uma sensação horrível de "não vou conseguir sem meu pai, e agora????" Perda de tempo e da minha energia que é tão necessária em outras áreas da minha vida.

Portanto, a exemplo do governo que ligou o foda-se e não está nem aí para o que ninguém está dizendo, vou fazer o mesmo. É muita gente louca, desinformada, equivocada e inepta em ambos os lados. Mal sabem os brasileiros que cada lado tem vários lados. E todo mundo acha que está com a razão.

Ou seja, ninguém está.

quinta-feira, 19 de março de 2015

1095 dias sem meu pai...

Hoje está sendo um dia duro. Hoje é o aniversário de três anos da morte do meu pai. Três anos que eu me emociono com a chamada do Esporte Espetacular, porque me lembra ele. Três anos que eu fico indagando toda vez que eu vejo aquelas lonas de jogo de futebol, que de longe parece que tá de pé, se eu ia conseguir convencê-lo de que aquilo é uma lona no chão. Ele tinha certeza que era um objeto tridimensional. Três anos que me faltam conselhos e uma luz por onde me guiar... Três anos.

É muito estranho pensar que, da primeira vez que o povo encheu as ruas em 2013, meu pai já havia morrido. Domingo, dia 15, chorei ao ver aquele mar de gente na televisão. Não porque achei o protesto lindo, mas porque eu precisava muito que ele estivesse aqui para me ajudar a passar por esse momento difícil do país com um pouco menos de medo. Fico imaginando quais seriam as teorias... Meu pai ouvia tudo que é noticiário e era cheio de teorias. Tenho certeza que ele teria pontos de vista bem interessantes.

Ele estaria bem orgulhoso de mim por ter parado de fumar. Isso eu tenho certeza. 425 dias sem fumar. Tenho que admitir que não mudou muita coisa no meu cotidiano não. As pessoas não acreditam, mas é verdade, eu não sentia loucamente os efeitos dos meus cigarros. Claro que o mal estava sendo feito, mas eu não sofria. O que mudou demais, e me deixou bem feliz, é que antes eu tinha que usar desodorante intravenoso. Tirava a roupa no fim do dia e tinha vontade de incinerar, por causa do cheiro forte de suor. Não de cigarro. De suor. Era bem complicado, e eu achava que o problema era eu, afinal, comecei a fumar com 16 anos.
Não era. O lixo que o cigarro acumulava no meu corpo fazia meu suor feder. É muito louco. Hoje eu tiro uma blusa que eu usei num dia inteiro de verão e ela só tem o cheiro do perfume que eu passei de manhã. Virei a pessoa mais cheirosa do universo! Hehehehehehehehe

Papito estaria bem orgulhoso disso.

Se estivesse aqui, ele teria sofrido mais duas perdas grandes, dos grandes amigos Ed e Siqueira que morreram logo na sequência. Uma coisa mais louca ainda. Isso teria sido bem pesado para ele. Sorte dele que não precisou viver esse sofrimento. Se é que se pode chamar isso de sorte. Se ele estivesse aqui talvez eu não estivesse agora sentada no caixa da minha própria loja, provavelmente não. Se ele estivesse aqui, eu teria ido com ele para o casamento da minha amiga Vivian em Londres. E quem sabe muita coisa diferente estivesse acontecendo agora...

1095 dias sem meu pai. Dia 22 desse mês ele faria 62 anos.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Música ou bunda?

Música é uma questão de gosto.

Dito isto, nem vou falar do tipo de música que eu gosto aqui, porque esse não é o intuito desse texto. Mas todo mundo que me conhece sabe que eu gosto prá caramba de música.
Recentemente tenho sido vítima de uma seleção musical de terceiros. Hehehehehehe. À minha total revelia, estou sendo obrigada a ouvir algumas coisas diariamente, com direito a diversas repetições no mesmo dia. E passei a indagar algumas coisas...

O que aconteceu com a música pop?
Nunca gostei do Michael Jackson, mas ele era muito melhor com uma única música do que todo esse lixo que eu ando ouvindo aqui junto! Até da Whitney e da Mariah eu estou sentindo saudades... (brincadeira, Mariah já nasceu chata, sem chance).

Porque todo mundo resolveu que precisa gritar?
Foi o American Idol que fez isso? Para ser "a voz" tem que alcançar 6 oitavas para cima? Meus deuses, que coisa chata do caramba. Não tem mais música, só grito.

Piores momentos:
Assiste aí. I dare you... Hauhauahuahuahuahauh


E o falsete do Adam Levine? Agora é tudo com voz de castrati e alguém precisa dizer para ele, pelo amor dos deuses, que é chato e que ele desafina. Que carma! (E eu não acreditei nem por um momento que o casamento era de verdade, me poupe!)


Ainda falando dos meninos... Enquanto elas gritam, eles são melosos e chatinhos. Muuuuuito melosos e muuuuuito chatinhos. Dá um misto de preguiça, sono e embrulho no estômago.




Last, but not least, aquela pentelha que não mostra o rosto e coloca uma pobre duma criança para ficar fazendo uma coreografia bizarra no vídeo. Admito que a música não é péssima, mas é que nem a berrenta da Florence, uma vez tá bom, né? Como sou obrigada a ouvir 5, 6 vezes num dia, já era. Bode total!!!!



Aliás, essa é minha última "indagação". Quando a música pop era boa a gente não ouvia o dia inteiro no rádio? Um milhão de vezes por dia? Não dá mais não. É tudo fabricado para vender e não tem mais alma, só corpo. Inclusive, corpo é o que não falta. Parece que tão vendendo bunda, não música.

Vai ver é isso mesmo e eu que entendi errado...

P.S. Quem quer contar comigo quantos meses leva para essa aqui aparecer bem magrinha???


segunda-feira, 9 de março de 2015

Com Dilma ou sem Dilma...

Ok. Não sou politizada, muito longe disso. Então não finjo que sei do que estou falando quando o assunto política sai da seara dos achismos e apresenta alguma propriedade. Mas também não sou burra, e entendo um monte de coisas.
E o que está me aborrecendo é a divisão completamente maniqueísta que se instalou nas pessoas. Por conta do pronunciamento de ontem (que eu não vi) e do consequente panelaço (que eu não ouvi), as pessoas estão se engalfinhando novamente nesta segunda-feira. E isso nem é o pior. De um lado "defensores do povo" chamando os outro de burgueses, elite branca, malandros da sacada gourmet e por aí vai. Do outro, pessoas que estão mesmo destilando ódio por todos os lados e que querem se livrar de uma governante a qualquer custo. E as farpas estão voando soltas!!!

Não sei se acabar com a figura de Dilma na política vai resolver alguma coisa. O PT não vai junto. Não temos uma segunda opção que se preze. Só que a mulher não ajuda e fala cada vez mais bobagem. Não consigo entender o que aconteceu com ela.
Ouvi muita gente dizer que o povo reclama da roubalheira dos políticos mas sonega imposto, joga lixo na rua, falsifica documento, compra CD pirata, e a lista segue. Concordo que toda mudança significativa começa dentro de cada um, mas o que uma coisa tem a ver com a outra?
Também se intensificam as campanhas para o povo ir para a rua dia 15. Para quê, exatamente? Até hoje não entendi as manifestações todas de 2013. O gigante acordou, entupiu a Paulista por uma semana, e mudou o quê? Dilma não foi eleita do mesmo jeito? As promessas que ela fez não continuam caindo por terra uma por uma de qualquer jeito?

Fico bastante incomodada com a miopia de ambos os lados. Até porque, o povo deveria ser um só, com objetivos comuns. Mas se um lado prega o ódio contra a presidente e seu partido, o outro inventou um tal de ódio da elite branca. Eu li que os ricos estão indignados com um governo "que defende os pobres contra os ricos". Como é que é? Agora tem que defender uma parcela da população da outra? Juro que não só não entendi o conceito, como me incomodou bastante. Achei que a tarefa era defender as pessoas de bem dos bandidos. Só que tá difícil de saber quem é quem, admito.

Não me considero elite branca, mas devo estar sozinha nessa. Nunca tive nada contra pobre e quero mais é que todo mundo tenha muito dinheiro para gastar mesmo. Acho que as pessoas deveriam parar de apontar dedos para um "inimigo" genérico, levantar a bunda e fazer sua parte. Acho esse governo paternalista e não concordo com isso. Dinheiro, cada um tem que ir atrás do seu, governo tem que dar saúde, educação, segurança. Retorno pelos impostos pagos. E é exatamente isso que está faltando.

Com Dilma ou sem ela.



terça-feira, 3 de março de 2015

Tudo para dar errado...

Como já diria o bom e velho Marshall, "o meio é a mensagem". E lá vou eu elucubrar novamente sobre os fenômenos do Facebook, não tão bom e nem tão velho.
Acho que muita gente da minha idade passou, pendendo para um lado ou para outro, os perrengues da explosão da informação. Eu, que caí na bobagem de querer ser jornalista e verbalizei isso para o mundo, passei muito tempo ouvindo do meu pai "mas você sabe o que está acontecendo no Kwait, não sabe? Não??? Você não viu no jornal???? Como você não vê jornal???? Que raios de jornalista você vai ser?????". Ao que eu sempre respondia: quando foi a última vez que você leu um livro, papito?
Para mim, opinião pessoal claro, cultura sempre foi mais importante que informação. É claro que não adianta ser culto e alienado, mas sempre achei um absurdo uma pessoa ter a necessidade de saber tudo que está acontecendo, o tempo todo.
Primeiro porque é impossível. Segundo porque é inútil. Terceiro porque enlouquece,
E é desse último efeito que eu tenho medo com a facebookização da vida. As pessoas ficam trocando "informação" a uma velocidade monstro e a leitura das janelinhas (porque eu tenho uma desconfiança razoavelmente forte de que a maior parte não lê o texto todo nunca), vai criando um monstro na cabeça das pessoas.
Por exemplo: se eu for acreditar no meu Facebook, ou no que ele me alimenta diariamente, as pessoas estão cada vez mais maltratando os animais, ou seja, estão piorando; os governos estão cada vez mais roubando nosso dinheiro na caruda, ou seja, nossa vida está piorando; as mulheres agora, além de tudo, têm que passar por horas de parto normal para serem mães de verdade, ou seja, eu que tenho um medo danado de sentir dor estou piorando; e todos os meus amigos vão para o exterior a cada seis meses e são felicíssimos, ninguém mais tem problemas, ou seja, minha vida tá uma bosta!
Tenho que admitir que faço uma força danada para não acreditar. Para exercer um direito que nunca foi tão importante na vida como agora, o direito de filtrar o que me serve, o que me parece real e coerente. Tenho que admitir também que continuo um pouco "alienada", no mesmo sentido que meu pai acreditava que eu fosse. Não fico lendo notícia toda hora. Não sei exatamente a cotação do dólar. Não acreditei no discurso da mulher antes, então não estou tão chocada agora. Mas os ciclos são muito maiores do que se imagina e a catástrofe que tantos temem tanto pode estar sendo construída exatamente pelo medo da catástrofe e não por esses "pedaços" de tragédia.
Filtro. Muita gente não tem e isso me preocupa bastante. As prioridades estão tão confusas que eu não vejo nenhum tipo de denúncia de verdade na rede há muito tempo. A preocupação agora é com a Copa Davis dos partidos, quem come carne e quem não come e a cor do vestido.
Não tem tudo para dar errado?

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Resolvi empreender...

Ultimamente ando me sentindo meio culpada pelas ausências. Desde que começou a odisseia da loja, estou ausente para a maior parte das pessoas que me conhecem, e isso anda me dando um aperto no coração. Por isso, peço desculpas, mas tenho bons motivos, mesmo sendo todos bem pessoais.
Um pouco antes de isso tudo começar, li um texto de um garoto americano que criou uma dessas start-ups de TI, sobre os efeitos colaterais do empreendedorismo. E um deles era conviver com o fato de que muitos amigos não entendem a nova vida e se afastam. Esse tópico me volta à cabeça toda hora, principalmente porque eu sei que antes de melhorar, ainda vai piorar bastante.
Tive a sorte (se é que se pode chamar isso de sorte, dadas as circunstâncias) de poder começar um negócio próprio. Tive também, pela primeira vez na vida, a coragem para tanto. Sempre fui muito taurina, muito pé no chão, muito lenta para abraçar qualquer tipo de mudança. Mas a vida veio e mudou tudo à minha revelia. Então tive que começar a pensar em arriscar.
Só que a empreitada vem com um preço. Meses e meses de dedicação. 24 horas por dia. É um filho que eu pari, e digo isso sempre para que as pessoas entendam a dimensão da coisa toda. Cansa muito. Consome muito. Quanto mais tempo eu vivo nesse pique, mais eu penso só em sofá quando chega a "folga". São quase 12 horas por dia dentro da loja, todos os dias. São todas as decisões tomadas sozinha. É toda a responsabilidade exclusivamente sobre mim. Se eu fizer besteira, perco tudo que eu tenho.

Assim como me mudar para outro estado, isso também foi decisão minha e sei que devo arcar com todas as consequências. Mas gostaria muito que amigos e família soubessem que é uma fase, importante, pela qual eu tenho que passar antes de voltar a ter uma vida "normal". Sei que todo mundo entende. Não sofro nenhum tipo de pressão nesse sentido, a não ser de mim mesma. Sinto falta de tudo e de todo mundo. O tempo todo.

Tudo isso é passageiro, de qualquer forma. E eu espero que o fim dessa jornada seja o meu sucesso.

Só que enquanto isso, fico aqui morrendo de saudades...




quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Gatinho feliz!

Já passei um tempão (muito mais do que eu devia, com certeza) lendo tudo que é site e blog sobre cuidados com os gatos, além de alguns livros, e pude filtrar algumas dicas que acho bem legais, incluindo minhas "soluções" para versões mais em conta de algumas coisas...

Uma das coisas que me surpreendeu foi ler que gatos não gostam de água perto da comida. Normalmente é o primeiro lugar que a gente coloca, mas o texto dizia que os gatos encaram a comida como caça morta e isso perto da água contamina ela. Inteligentes, não? Não vou lembrar a fonte da informação, só sei que funciona e como não faz mal nem nos custa nada, porque não?
Em casa a água da minha gata sempre ficou longe da comida, mas acidentalmente. Todo mundo que tem gato sabe que eles adoram água corrente e para não ficar gastando com torneira aberta, uma das primeiras coisas que eu comprei foi uma daquelas fontes artesanais de barro com motorzinho. E coloquei na sacada para a água ficar mais fresca e não fazer molhaceira dentro. E a Ellie toma um montão de água naquilo, o que é ótimo porque eles tendem a não fazer isso e ficar com problemas renais.
Só que uma vez esfriou muito e nós fechamos a sacada. Aí eu coloquei um potinho provisório perto da comida e ela quase não bebeu! Depois que eu fui descobrir porque...
Aliás, sobre as fontes, ela sempre teve uma de barro. Quando eu quis colocar mais uma, dentro de casa, pensei em comprar uma dessas "profissionais" que a gente vê em pet shop cara, dessas que tem filtro e tudo.
Aí me deparei com um depoimento de um dono de gatos dizendo que os dele tinham desenvolvido alergia ao plástico e tinha machucado a boquinha deles. Desisti da ideia da fonte industrializada na hora, minha gata nunca teve nada... E resolvi "inventar". O resultado foi esse:




Um vaso alto, um motorzinho (compra em loja de aquário), um pedacinho de tubo plástico transparente (compra em loja de material de elétrica), só para as conchinhas não cobrirem a saída do ar e pronto! Não tem como "sumir" com o fio, mas a Ellie amou, como o motorzinho fica no fundo não faz barulho, e não espirra água. Dá até para colocar no quarto se quiser. :D

Outra coisa que é bem fácil de fazer em casa, assim fica mais barato e com a sua cara, é um mega arranhador. A maioria custa a partir de 250,00, de um bom tamanho, e normalmente são de umas cores esdrúxulas. Compramos uma estante dessas bem baratinhas em loja de material de construção e revestimos tudo nós mesmos. A parte do sisal foi mais chatinha e ficou a cargo das mãos fortes e destreza do noivo, admito. Mas eu cuidei da pelúcia! Hehehehehhe
Ficou bonita, combina com a nossa sala, e ainda está servindo de cantinho da cama dela. Tudo saiu menos de R$150,00. É só usar a imaginação! :D



Outra coisa que não falta em casa é a graminha de gato. Vende a misturinha de sementes pronta em pet shop e aquilo cresce em qualquer lugar com luz e um pouco de ar. Em casa fica na pia do meu banheiro, num pirex quadrado pequeno, e ela come um pouquinho todo dia. É bom para o estômago e eles adoram!





quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Natureza sábia... ahã...

Tanta gente gosta de dizer como a natureza é sábia em tudo que faz... Mas, na real, se ela é sábia, também curte tirar uma grandão com a cara da gente, não?

Se ela fosse tão sábia assim o ser humano não ia precisar comer 258 porções de frutas variadas, 356 de legumes e 548 de verduras por dia para ser saudável. Qualquer coisa ia servir, contanto que fosse alimento. Sem engordar. Sem fazer mal.

Ah, mas tudo que tem "in natura" na natureza não engorda e não faz mal.

Mas então porque cargas d´água ela deixou o macaco errado pegar a macaca errada até a gente virar essa gente doida que inventa e fabrica um monte de coisa gostosa que faz mal para depois passar o resto da vida sofrendo, se privando ou engordando e ficando doente?

A natureza devia ter deixado só o macaquinho solto por aí. Deixar "evoluir" para ser humano "pensante" foi a maior mancada... :P

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Barrigas, barrigas, barrigas...

Já vou começar me desculpando com as grávidas, as novas mamães, as mulheres que não pensam em outra coisa senão ter um filho, lembrando que aqui coloco minha opinião pessoal. Então espero que ninguém se ofenda.

Sempre fui a favor do aborto legalizado. Já cansei de ouvir amiga que engravidou de sujeitos "pouco paternais", para ser simpática, dizendo o quanto é difícil criar filho sozinha. O quanto é complicado se ressentir com a criança que ela tanto ama por conta dessa situação. E essas são mulheres que resolveram assumir aquilo que fizeram (palavras delas, não minhas) e levaram adiante a gravidez. Mas ainda existem as milhares de mulheres e meninas que se arriscam em um aborto clandestino e ficam doentes, morrem ou ficam com sequelas para o resto da vida, sem falar no trauma.

Será que tudo isso vale a pena para preservar uma "vida" que nem vida é direito ainda? E a vida dessas mulheres? Essa sim, confirmada e estabelecida como vida de um ser humano. Essa não vale nada?

Está rolando por aí uma "campanha" no Facebook de não ao aborto e mulheres de todo o Brasil estão aderindo colocando fotos lindas de suas barrigas tão queridas, curtidas e desejadas. Um alerta aí para vocês, barrigudinhas, essa é a SUA barriga e a SUA alegria. Não serve para mais ninguém, tá?

O aborto não vai desaparecer. Não existe lei ou punição que vá fazer que mulheres apavoradas pelo prospecto de ter um filho deixem de contemplar, ou realizar o aborto. Eu já falei isso aqui e quero ver alguém conseguir provar que eu estou errada. Então por que isso deve continuar sendo uma sentença a uma jornada terrível? Ou uma sentença como mãe para o resto da vida? Porque para quem não quer de verdade, é exatamente isso, uma sentença.

Muita gente acha que a legalização iria transformar o aborto em "saída fácil". Mas é exatamente aí que a coisa seria controlada, monitorada, acompanhada. Ninguém mais ia ter 4, 5 abortos na "conta". Isso acontece hoje porque é ilegal, ninguém controla, e os "médicos" são todos criminosos.

Ainda não tenho filhos, pode ser que eu tenha, pode ser que não. Mas mesmo que ele seja o maior amor que eu já vivi na vida, vou continuar a favor da legalização do aborto. Porque esse amor vai ser só meu, não vai servir para mais ninguém.
E, na minha concepção, algumas coisas ultrapassam as barreiras de crenças e ideologias. É puramente social que mulheres que se deparam com uma gravidez indesejada vão contemplar e, muitas vezes realizar o aborto. Não importa o que sua igreja ou seu deus te diz. Não importa o que a sua consciência adotou para si como conceito de início da vida. Não importa o quanto você ame todos os seus filhotes.

Repito e me repito. Tudo isso só serve para você. Não vai ser alento nenhum para a pobre coitada na sala de espera de um charlatão sem saber se sai de lá inteira ou não. As experiências são tão contrárias que me atrevo, inclusive, a dizer que mães felizes não deveriam meter pitaco no assunto aborto.
E guardem suas maravilhosas barrigas para os momentos alegres e para o seu álbum de recordações.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Equilíbrio?

Essa semana saiu uma notícia sobre a suspensão da decisão da Kodak de não fabricar mais película, a pedido de diversos diretores de cinema. E esse é só mais um indício de que a humanidade vai ter que se acostumar a um pequeno equilíbrio, que deve ir acontecendo devagar, em algumas searas, mas já pode ser sentido se a gente prestar bastante atenção.
Por que tantos diretores famosos não querem ver o filme desaparecer? Porque enquanto houver arte no mundo nenhum meio vai mais desaparecer. Todas as previsões de "desaparecimento", desde a invenção da TV, se provaram mais que equivocadas. O livro está aí, o jornal impresso também, a foto em filme ainda é um meio de arte e nem o rádio foi eliminado das ondas invisíveis.
Se por um lado, todo meio continuará tendo espaço através da arte, por outro lado, meios que antes já foram plataformas de fortunas imensas vão sobreviver apenas como isso mesmo: arte.
O que realmente acontece é apenas o desaparecimento do exagero. Vai ficar cada vez mais difícil ficar milionário. Cada vez mais difícil enriquecer de repente com um golpe de sorte na internet. Cada vez mais difícil ter uma grande sacada que vai criar o seu império sozinha. A construção de fortunas como sempre conhecemos não funciona mais, nem mesmo nos moldes tão contemporâneos que criaram o fenômeno Facebook.
As modas e fissuras duram cada vez menos. Comércio e indústria precisam cada vez mais aceitar o fato de que a margem de lucro tem que diminuir para que o negócio continua funcionando. O cliente deve ser cativado e mantido, e não ludibriado. Muito em breve, nenhum sucesso justificará um cachê de 1 milhão de dólares por episódio, ou salários igualmente nababescos para atletas (e isso meu falecido pai já dizia).
Quem disse que o rádio morreu, ganhava fortunas com ele até a TV aparecer. Assim como os jornais impressos antes da internet, e as lojas antes do comércio virtual. Todo mundo está um pouco para baixo porque as fatias terão que diminuir para alguns a fim de chegar em outros. E, daqui de onde eu estou, parece que isso já vem acontecendo gradativamente.

O que não é uma má notícia. Pelo menos eu acho que não.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

365 dias sem fumar

É isso aí, pessoal. Foi se meu primeiro ano sem o cigarro. Os primeiros 365 dias. E o meu relato é o seguinte:

Depois dos primeiros meses, só fica mais fácil. E cada vez mais fácil.
A vontade (pelo menos a minha) nunca passa. Mas você se esquece dela com mais frequência.
Sou fumante e sempre vou ser. Assim como o alcoólatra, não posso dar nenhum traguinho no cigarro de alguém. Senão eu volto.
Meu paladar e meu olfato não estão melhores. Neste aspecto nada mudou e para mim é tudo lenda... Hehehehehe.
Meu fôlego também é o mesmo. Melhora com exercício, piora sem, como sempre foi.
O meu cheiro pessoal melhorou horrores, isso sim. Meu suor tinha cheiro forte e ruim e todos os dias a roupa ia pro cesto de lavar. Hoje não deixo cheiro nenhum em mais nada.
A gente não passa mais frio em casa por causa de janelas escancaradas e o inverno está bem mais agradável.
50% da minha ansiedade passou. Era culpa do cigarro.
Os outros 50% só morrendo e nascendo de novo... Hauhauhauhauhauah.
Não entro em uma loja de conveniência de posto há meses. Só quando vamos viajar e vou pegar água e chiclete para a viagem.
A ressaca depois de uma bebedeira é 50% mais leve.
Troquei o cigarro pelo doce e engordei. Agora estou largando o doce e pretendo me livrar do peso todo. Mas é tudo uma questão de hábito.
Pretendo voltar a fumar entre os 65 e os 70 anos. Se eu viver tudo isso. :D

Conclusão: sinto que foi uma luta que eu venci já. É só tomar cuidado para não recair, mas essa tentação é cada vez mais rara e passa em segundos. Vou ficar saudável nos anos que preciso da minha saúde e quando eu aposentar, aí a gente revisa os "pecados". Certeza que eu vou ser uma velhinha terrível... ;)


 

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Maniqueísmo e legado

E os meus insights facebookianos continuam! Hehehehehe. Se ficar chato, me avisem.

Mas é que eu estava lendo hoje as repercussões sobre uma coluna do Globo que gerou mega polêmica (não vou falar sobre o caso, minha opinião é só minha) e comecei a reparar em outro fenômeno que o acesso à informação está nos infligindo: o maniqueísmo de opiniões.
Antes isso era bem comum e a gente atribuía à falta de informação e até mesmo ao fato de que, muita gente, vivia vidas muito dogmáticas e, na maioria das religiões uma das bases mais fortes é esse maniqueísmo. O cara então formava a opinião dele e era isso mesmo. E qualquer discussão, se não acabava em porrada, acabava em "você pensa assim e eu não". Pronto. Não tinha Google no celular para "provar" quem está certo, ou errado.
Hoje, como eu já disse uma vez, ao invés das pessoas usarem toda essa informação para se instruir antes de tecer opiniões super maniqueístas, elas selecionam o pouco que lhes interessa e tomam "partido", sem trocadilho, gente. Partido no sentido puro da palavra, não no político. E passam a defender sua "verdade" com unhas e dentes. E, eu já disse isso aqui também, como não convencem ninguém, vão cada vez mais ferozmente batendo na mesma tecla, sem considerar o outro lado nem dar chance a ele.
E pior, muitas vezes nem embasar sua própria opinião direito as pessoas conseguem. Está se criando uma cultura da teimosia pela teimosia, e até eu que sou taurina não estou achando a menor graça. É infantil e não tem utilidade.

Os Titãs já disseram muito bem na música "Provas de Amor", mas o conceito se aplica a tudo. Se você ama alguém mas não diz isso a ela e não demonstra de forma alguma, essa pessoa jamais saberá como você se sente e o amor, para ela, não vai existir. No caso das opiniões inflamadas (e só estou falando disso aqui porque são públicas, falo exclusivamente do que é trazido ao conhecimento de todos, seja em sites ou redes sociais, e só nesses casos que sinto falta de alguma coerência. Já a sua opinião é sua, e se você não me conta, para mim ela não existe e eu não vou falar nela. Há!), essas opiniões fazerem todo o sentido do mundo só na cabeça de quem se manifesta não ajuda muito causa nenhuma. Já que vamos ser enfáticos, vamos ser embasados, também, porque não? Afinal o objetivo, meio utópico, eu sei, mas vá lá, não é convencer as pessoas?

Então se livra do rótulo, se livra da tentação de fazer todo mundo só "ficar sabendo" o que você pensa disso ou daquilo, e construa um argumento. Argumentos bem colocados podem sim, mudar algumas opiniões. Mas não tenha muitas esperanças, os teimosos sabem que estão certos e, provavelmente, nem vão ler o que você escreveu. Paciência.

Só que vai que daqui uns 150 anos um grupo de jovens encontre seus textos e achem eles "geniais"? Porque, enquanto a tecnologia como conhecemos hoje sobreviver, cada pessoa que escreveu cada palavra na internet já é um autor e essas palavras serão seu legado.

E durma-se com um barulho desses!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Mais amor!!!

É impressionante como as pessoas estão se tornando cínicas, e cada vez mais, no sentido mais puro da palavra. Sabe aquela cena maravilhosa do Monstros S. A., da propaganda da fábrica, mostrando como as crianças não se assustam com mais nada? Só que são os adultos, e eles não estão sentindo mais nada...

Onde foi parar a empatia? Morreu junto com a trema, o telefonema e o pirulito de venda. E o pior é que esse "retorno" ao devagar, natural, de bairro e artesanal com o qual somos bombardeados o tempo todo é só jogada de marketing e só piora a situação. Porque tudo isso que era para ser mais acessível na sua essência é o mais caro e mais difícil de obter. Quanto mais "natural" mais "na moda" então mais caro, objeto de desejo. Até o dia que capim virar objeto de desejo, aí coitados dos cachorros com dor de barriga!
Juntamos a isso a despersonalização do relacionamento, provocado pelas redes sociais, e o culto à felicidade absoluta, também criado pela superexposição nas redes sociais, e as pessoas estão deixando de sentir já que, deve ser bem complicado mascarar a vida real o tempo todo para todo mundo achar que sua vida está maravilhosa 24 horas por dia. O que em si já é uma esquizofrenia danada, mas beleza.
Duas situações me deixaram bastante chateada nesse sentido... A primeira foi a coisa com as arquitetas que eu já coloquei aqui. Tipo dane-se a minha casa, eu e o que tudo isso representa para mim. "O fabricante da dobradiça não dá mais garantia"... Ah vá...
Agora foi um atendimento na Cielo. Eu sei que esse povo é treinado para não falar palavrão nem arrotar no telefone, e é só. Mas é impressionante a quantidade desses "profissionais" que simplesmente não ouvem o que a gente está falando e fica repetindo o script, que nem disco furado. Eu tentando explicar para a acéfala do outro lado que eu já tinha passado por uma confusão com os códigos de atividade da minha empresa e ela só repetia "esse código não bate com o da Cielo, senhora, aqui é isso que custa", e repetia os valores. É de enlouquecer, né não?
E nem passa pela cabeça da outra pessoa que desse lado eu estou com medo. Medo de ser cobrada a mais porque não passei as informações corretas. Medo de ter que passar pelo calvário de mais uma ligação para a central para corrigir esse erro que podia ser evitado. Medo de perder mais tempo. E do outro lado, empatia zero. Eu quero mais é dizer o que eu tenho que dizer e partir para a próxima que eu tenho meta para cumprir... É muito triste.

E mais triste ainda perceber quantas pessoas estão cada vez mais afetadas por esse cinismo. É só você parar para pensar nos amigos que estavam sempre por perto. Eles ainda estão presentes fisicamente? Curtir no Facebook é só um clique, não requer esforço e, por isso, não significa absolutamente nada.

"Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais..." Oswaldo Montenegro - A Lista

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Rude awakenings...

Eu já reclamei de 2014. Bastantinho até. Também já me dei conta de que ele não foi tão ruim assim. Chamei de startup e foi mesmo. Agora tenho que usar o próximo ciclo para me consolidar, e consolidar minhas decisões, para que elas se transformem em sucesso.
De vez em quando, porém, acontece alguma coisa para lembrar o quanto é real a realidade. Tomei um tombão na sexta-feira. Dobrei o pé e fui com os dois joelhos no chão. Da última vez que isso aconteceu, também era um começo de ano e minha mãe tinha acabado de falecer. Desta vez, um amigo querido meu e do meu pai que se foi. Mas quando eu caí eu nem sabia ainda...
O saldo é um começo de ano com uma dor física chatinha e um aperto no coração. Mas fico imaginando que esse tipo de coisa acontece comigo toda vez que eu estou para me desviar de uma realidade que precisa de mim. Não é fuga, é só refração, mas ainda assim preciso de um tapinha no ombro para voltar a filtrar do jeito certo.
Em alguns dias, se completam 7 anos da morte da minha mãe. Em algumas semanas, três anos da morte do meu pai. Nesses três anos, também se foram as outras duas partes do meu pai, dois amigos que seguiram com ele a mesma rota, de alegria e companheirismo, mas de autodestruição também. Não se cuidaram. Viveram os excessos e exageros. E agora estão juntos numa grande festa em algum lugar. Três homens incríveis, em três anos. Difícil...
E de lá para cá, eu vinha seguindo um ciclo de dor, luto e recuperação. Ainda não posso dizer que ele acabou, mas preciso que ele comece a acabar, senão não conseguirei focar as minhas energias para o que importa, a vida nova que eu escolhi. Por isso o tombo. Por isso, mais um rude despertar da própria vida. Para eu sair do meu ciclo de refração e enxergar meu entorno de forma clara.
Tristeza pesa e cansa. É um treco foda de carregar. Tem sua utilidade, dá força, mas precisa ser abandonada em algum momento senão a dor fica insuportável e a gente não consegue mais se mexer.
Meus votos para meu próprio ano novo e o de todos que amo é: coragem! Com ela, a gente pode tudo.