terça-feira, 29 de maio de 2012

Desabafo

Eu quero não ter do que reclamar. Eu quero parar de me sentir assim. Eu quero acordar do pesadelo e voltar a me preocupar com coisas pequenas desse mundo pequeno. Eu adoraria não pensar mais em toda a tristeza que ainda está por vir. Ontem fiz uma rápida seleção de fotos que me abateu com uma melancolia incontrolável. Não achei que isso fosse acontecer. Mas a verdade é que ainda não tenho estrutura para mexer nas minhas fotos. Nada datado de antes de março de 2012.
Vou à academia e coloco meus fones de ouvido para malhar ao som dos "poperô" que eu dançava quando era jovem. Ênfase no "jovem". Uma música pop velha e barulhenta que uma em cada duas vezes me faz chorar na esteira da academia. Só pela lembrança de quando eu era uma menina e nada disso era uma preocupação.
Não quero mais me sentir assim. Como diz minha cunhada "ficar triste cansa". E eu estou cansada.
Só que sei que não adianta gritar, nem esbravejar, nem tentar pular etapas. Meu luto será longo e dolorido. E, de vez em quando, eu sinto todo o peso de não ter tempo para ele.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Para onde foi a minha criatividade?

Antigamente eu levava pedaços de papel
Para não deixar a inspiração escapar
Qualquer luz me trazia som
E cada sol era um novo começo
Antes eu tinha tempo de criar
E quase sempre as estrofes se encaixavam com perfeição
Mesmo que não soubessem porque
Eu tinha sempre uma canção
Há algum tempo minha vontade estava lá
Sempre que eu me sentia sozinha
A folha branca me fazia companhia
Um dia a tristeza foi a minha maior aliada
O sofrimento romântico, bonito, de livro antigo
Carregando cada palavra de sentimento
E significado
Só porque, num instante, não estaria mais lá
Hoje tenho medo da tristeza
E de onde ela pode me levar
Minha vida ainda começa diariamente
Mas o sofrimento barra o som
Acordes alegres me aborrecem
Um grande buraco se abriu
E temo, sem querer acreditar
Que foi por ele que minha essência fugiu

P.S. Desculpem as palavras mal ajambradas, esse texto não nasceu para ser poema.




quinta-feira, 3 de maio de 2012

Aos poucos...

Escrever, para mim, é um processo de abertura. No sentido mais claro da palavra abertura. Toda vez que eu começo a escrever me abro para o mundo e isso implica em abrir coisas dentro de mim que muitas vezes passam um tempão fechadas. Escrever é muito emocional para mim, mais ainda do que cantar. Porque quando eu canto, me preocupo com a técnica (que eu não domino), mas quando escrevo não me preocupo com nada, só em conseguir colocar tudo em palavras. Tão natural, tão íntimo e, por isso mesmo, tão assustador.
Tão assustador que ainda estou com medo. Meu post anterior me doeu escrever e ainda me dói ler. Foi um início da minha luta e do meu luto. Primeiras palavras... Mas minha dor está longe de aliviar.
O primeiro ano é terrível. Primeiras vezes são sufocantes. Na última sexta-feira meu afilhado nasceu. César é lindinho, um neném comprido, bochechudo e calminho. Uma coisa! Encontrei passagens muito baratas para SP e lá fui eu pegar o bichinho no colo. Desci em Congonhas e a primeira coisa que me veio à cabeça: "é a primeira vez que eu venho sozinha a SP de avião e meu pai não vem me pegar". Primeira vez. Primeiras vezes.
Bom é que eu estava indo para casa (pela primeira vez) para fazer alguma coisa que não tinha nenhuma relação com a morte do meu pai. "Muito pelo contrário", como disse minha tia. E eu estava precisando.
Mas o processo é lento, muito mais lento do que merecemos. A dor vem e vai mas não está ausente nunca. Aos poucos vou conseguindo imaginar perspectivas. Me alegrar com as coisas. Voltar a uma vida mais ou menos normal. Aos poucos vou perdendo o medo de escrever.
E vou também me acostumando com o medo que tenho de dizer tudo que está se passando pelo meu coração. Ainda não consigo, não tenho estrutura. Seria impossível tentar agora, o texto jamais conseguiria vencer as lágrimas e soluços.

Mas aos poucos eu chego lá.

"We the people fight for our existence
We don't claim to be perfect but we're free
We dream our dreams alone with no resistance
Fading like the stars we wish to be"