sexta-feira, 25 de março de 2011

Sexta-feira

Adoro uma sexta-feira. A ideia do descanso merecido depois da correria da semana. Todas as possibilidades de coisas para fazer, que no final das contas a gente acaba não fazendo, mas que estão lá. Ser dono do seu próprio nariz por pouco mais de 48 horas. É bem bom.
Fiz serão a semana inteira para completar minhas tarefas sem atraso. Passei uma semana pessoalmente difícil e só quero que ela fique para trás, no que a sexta-feira vai ser muito útil. Meu amor e eu tivemos problemas essa semana. Mas vamos resolver.
Também comecei a tratar meu corpo essa semana. Espero resultados logo, para que a dor física vá embora e não agrave mais as dores psicológicas, que não me faltam. Mas estou tratando isso também. Minha médica de louquinho já está comigo há algum tempo. Mais uma coisa dessa semana.
No final das contas, se a gente for pensar bem, só achamos que o fim de semana é para descansar. Ele vem mesmo é para a gente se preparar para a próxima pedrada: a semana que vem.

“Monday you can fall apart. Tuesday, Wednesday break my heart. Oh, Thursday doesn't even start. It's Friday I'm in love. Saturday, wait. And Sunday always comes too late. But Friday, never hesitate...”

quinta-feira, 24 de março de 2011

Deusa da loucura

Queria enlouquecer só um pouquinho. Dar uma surtada, ser digna de pena, de apreensão, de cuidado. Pirar um tanto, sabe? Antigamente eu brincava que queria que um mal súbito se abatesse sobre mim. Só para curtir uma inconsciência temporária. Mas é meio complicado controlar os efeitos colaterais de um negócio desse. E podem ficar sequelas.
Então, agora, só queria poder fingir que perdi meus parafusos e ficar assistindo o mundo um pouquinho. De longe. Sem precisar esboçar reação. Sem nenhum compromisso ou responsabilidade.

Sem culpa.

"Em cada esquina um espelho e na crina da sua cabeça uma luz. Em cada menina uma deusa felina de olhos abertos e azuis..."

quinta-feira, 10 de março de 2011

Ressaca

Mais um carnaval veio e se foi. Para mim, que detesto carnaval, foram apenas quatro dias livres. Até descansei, mas foi pouco. Descanso com dias contados é sempre pouco, gera ansiedade, a gente fica tentando enganar a cabeça “é como se ainda fosse sábado!”, em plena segunda-feira.
Não adianta. As 96 horas voam e quando a gente percebe está de volta à cadeira do escritório. E o que é pior, cansada ainda. Só férias de uns dois meses para resolver meu problema... Pena que, descontando as coletivas, só tenho mais 18 dias para tirar.
Podia ser o fim do mundo que vai se unir à ressaca monstro e me deixar deprimida. Mas eu me recuso a me entregar. Quantas garrafas de vinho? Me recuso a fazer as contas também, só vai deixar o cuco cantante que está na minha cabeça mais animadinho.
A vida adulta é assim mesmo. A gente faz muito mais bobagem, porque agora é responsável e ninguém exerce nenhum tipo de vigilância sobre nós. Temos desculpas legítimas para exagerar, afinal, temos que “liberar o stress”, ter uma “válvula de escape”. Tudo muito divertido. Mas não temos mais tempo para descansar de verdade.
O negócio então é tentar curtir um pouquinho, parar um pouquinho, brincar um pouquinho, todo santo dia. Assim a carga fica mais leve e a gente aprimora a capacidade de alegria. Exercício é bom para liberar serotonina, mas tente dar umas gargalhadas todo dia e você vai ver se até a ressaca não vai embora.

“Longing for the sun you will come to the island without name”

quinta-feira, 3 de março de 2011

A presidenta e a ambiência

Faz tempo que não uso esse espaço só para reclamar. Mas estou começando a ficar de bode com o povo chamando a Dilma de presidenta. Aí uma colega minha me revela que era facultativo, e que a própria optou por isso. Não me conformo.
Tenho uma antipatia especial por neologismos. E essa antipatia vira uma espécie de fúria quando o danado vai parar nos dicionários, o que hoje leva uns seis meses de boca do povo para acontecer. Não posso mais usar personalizado. Agora tudo é customizado. Impressão? Não... print. Tive uma chefe que brifava as pessoas. Briefing virou verbo! Oportunidade também. Quantas vezes lhe foram oportunizadas vantagens, benefícios, oportunidades? Como eu sempre digo, quero morrer de catapora!
Outro dia estava entrevistando uma pessoa. E descobri que não fazemos mais a ambientação de um espaço, o que por si só já é um termo mais que subjetivo. Agora se faz ambiência. E se nem meu editor de texto nesse momento acusou com a minhoquinha vermelha que a palavra não existe, vai aparecer no dicionário semana que vem, é só esperar. Se é que já não está.
O português é uma língua tão bonita, tão rica, tão cheia de possibilidades. Para quê inventar mais palavra? Vai aprender a falar direito primeiro, o que aliás, é privilégio de poucos.

É por isso que eu estou aprendendo alemão.

„Du hast mich gefragt und ich hab nichts gesagt“

quarta-feira, 2 de março de 2011

On the edge

Linking Park está berrando no meu ouvido “Everything you say to me takes me one step closer to the edge, and I'm about to break!” (Tudo que você me diz me leva um passo mais perto do abismo, e estou prestes a quebrar).

Já tem alguns dias que eu estou ouvindo essa, e algumas outras igualmente revoltadas e barulhentas, e me identificado com as letras que prenunciam o apocalipse da alma. A alma de alguém, não exatamente a minha.
Hoje resolvi me perguntar: porque será? Nem estou me sentindo tão on the edge assim. O que será que está faltando? O que eu estou precisando?
Ontem, minha terapeuta e eu chegamos à conclusão que eu nunca presto atenção ao que eu estou precisando e raramente atendo minhas necessidades. Ainda estou meio abalada com essa revelação que não tem nada de nova, eu sempre soube. Ainda assim dói.
Mas isso não é estar on the edge. Será que eu estou e nem estou percebendo? Será que estou prestes a quebrar? Será que meu background tradicional, chato e de engolir sapos como uma coisa normal está finalmente começando a se dissolver? Será que estou, mesmo que inconscientemente, começando a procurar caminhos para viver a vida como eu acredito nela?

Será que eu estou à beira de pular do abismo dessa vida que eu já não quero há muito tempo?

Tomara. Mal posso esperar para ver o que vem depois...
"Edge of the world" by Sarah Joncas