quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Errata

Sou perfeccionista. E como tal, detesto errar ou, pior, admitir que estava errada. Sou taurina também, e isso só piora as coisas (rs). Mas quando falei em um dos meus textos que o ser humano não consegue produzir com qualidade durante oito horas seguidas, cometi um mau julgamento. E, pensando nesse trecho, acabei esbarrando em uma outra questão.
O ser humano desmotivado realmente, não produz oito horas seguidas. Mas a força que temos dentro da gente é muito maior do que isso e, fazendo qualquer coisa com prazer, somos capazes de produzir horas e horas a fio. Até o corpo pedir arrego.
Lembrei de quando fiz o TCC da pós de cinema. Levei muito tempo na pesquisa, ou apurando como nós jornalistas dizemos, sempre acreditando que a tarefa de escrever seria muito mais complicada. Mas o assunto que eu escolhi me era muito caro, era algo que eu realmente amo, e quando eu me sentei para escrever a maior porção do texto, cerca de 30 páginas, lembro que comecei perto do meio-dia e escrevi direto até meia-noite. Só parei algumas vezes para ir ao banheiro e comer alguma coisa.
Como eu ainda fumava dentro de casa, nem pausas para o cigarro eu fiz, só pausas para esvaziar o cinzeiro... Foram 12 horas direto de uma produção intelectual totalmente intensa, totalmente focada, cujo resultado me foi super satisfatório. Até hoje tenho muito orgulho dos meus trabalhos acadêmicos, e são eles que me fazem acreditar no poder da motivação.
Na graduação, resolvi que iria fazer como TCC uma revista de música. Tinha que incluir um pequeno histórico da revista de música no Brasil, certo? Mergulhei com tanta força no tema que passei seis meses juntando material e fazendo entrevistas e o resultado foi uma pequena “enciclopédia” de quase 50 títulos, desde as revistas do rádio, que eu amei fazer. Até hoje acho essa parte teórica do meu TCC de jornalismo tão importante quanto a revista que produzimos em si, que também ficou linda e é meu xodó.
Ou seja, a motivação transforma qualquer tarefa, por mais hercúlea que seja, em uma viagem gostosa, que deixa boas lembranças. E aí vem a questão-chave: onde está a nossa motivação? Onde está a vontade para fazer as coisas? Mesmo dentro de profissões que escolhemos, por que sempre parece que “o” emprego ainda está por vir? Porque somos um grupo de pessoas (nós, na casa dos 30 e pouco anos) que viveu a maior transformação de todas, que estava no olho do furacão, e ainda não conseguiu sair dele.
Em uma conversa com amigas falávamos de tudo que a geração X tem de desvantagens em relação às predecessoras e sucessoras. E uma dessas desvantagens é que parece que vamos passar nossa vida tentando viver como nossos pais no mundo de nossos filhos, ou irmãos mais novos até. Os pais sabiam o lugar que lhes cabia e a cobrança era muito menor. Os filhos já chegam exigindo do mundo o que desejam (pode não estar certo, mas alivia pressão, vai). E nós queremos mudar um mundo que já mudou.

Quem precisa mudar somos nós.

“I watched a change in you
It's like you never had wings
Now you feel so alive
I've watched you change”

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