terça-feira, 30 de agosto de 2011

A revolução pelo consumo

Somos uma geração que reclama que ninguém faz nada. Somos uma geração que sempre reclamou que nós não fazemos nada, somos acomodados, não temos ímpetos de rebeldia. Éramos muito jovens quando fomos às ruas com as caras pintadas para tirar do poder um homem que fez algumas coisas boas, mas fez muitas coisas muito ruins. E essa foi, basicamente, a última vez.
Agora as pessoas se manifestam pela internet, no conforto de seus lares ou escritórios, sem sair da frente do computador, (nas ruas só se estiverem acessando por tablet ou celular). No Facebook está sendo organizado um “twitaço contra a corrupção” (O que Scheiße é isso?!?!). Se já andávamos meio acomodados, agora a coisa piorou muito, porque estamos vivendo a ilusão de que o comodismo acabou.
Também tem gente querendo ressucitar os caras-pintadas. Grandes manifestações até surtem algum efeito, mas há quanto tempo elas não mudam nada significativamente? A corrupção continua rolando solta, e cada vez mais profissional. Os governos fazem, sim, o que querem e não pense que abaixo assinado pela internet tem algum efeito. Se ao vivo e a cores, e às centenas nas ruas já não é fácil conseguir alguma coisa, imagine uma lista de assinaturas de pessoas que nem levantaram da cadeira para “protestar”. Somos acomodados, e agora acomodamos a revolução.
O que eu nem acho tão grave assim já que, a meu ver, o tempo de manifestações de massa acabou. Somos assim porque fomos criados para ser assim. Não passamos pela verdadeira revolução como nossos pais. Crescemos em um país já relativamente estável e não tivemos mesmo que brigar por nada.
A nossa revolução tem que ser outra. A única certeza que temos é de que contra os interesses financeiros não há muito argumento. E que, exatamente por isso, só dói quando dói no bolso. Na era da informação e do conhecimento nunca nossa geração esteve tão munida de ferramentas para ferir os poderes onde incomoda. Até porque, boa parte desses poderes já está em mãos privadas, e empresa vive de lucro.
Precisamos começar a escolher muito bem o que vamos consumir e de que forma. Escolher empresas e produtos por sua idoneidade, pela qualidade e vantagens oferecidas. Empresas precisam querer nosso dinheiro, não o contrário. Precisam parar de nos incomodar com ligações não solicitadas. Se ninguém comprasse nada por telemarketing ativo ele não existiria mais. Precisamos pensar muito se é justo pagarmos cada vez mais por produtos com componentes importados se o dólar não para de cair. Lembra quanto custavam as coisas no começo do plano Real, quando era 1 para 1? Precisamos parar de fazer fila para ser o primeiro a comprar aquele tablet, ou celular, que chega aqui custando muito mais vezes seu preço original do que jamais vai ser a relação dólar/real, e só comprar alguma coisa quando o preço cair significativamente.
Somos roubados diariamente. E a grande revolução para a nossa geração vai ser crescer, abrir os olhos, se instruir e acabar com esse oba-oba.
O poder está aí e é só aprendermos a usar.

"You say you want a revolution
Well, you know
We all want to change the world
You tell me that it's evolution
Well, you know
We all want to change the world"

Nenhum comentário:

Postar um comentário