segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Cadê a cultura das pessoas?

Com muito tempo entre hoje (uma segunda-feira, meio típico...) e a última vez que eu parei para escrever, serei obrigada a expressar ideias sem muita relação umas com as outras. Bare with me.
Uma das coisas que ando martelando comigo mesma é a necessidade que as pessoas parecem ter de saber tudo o tempo todo. Não fomos ensinados que qualquer coisa em excesso é ruim? Porque temos que consumir informação desenfreadamente e sermos julgados com um olhar de desdém quando admitimos que não vimos o acidente na televisão ou o vexame do político no noticiário?
Eu que sou jornalista sofro ainda mais com isso. Imagina jornalista que não gosta de assistir jornal, nem ler o danado porque o papel suja a mão? Eu até sou bem-informada, acompanho muita coisa pela internet, mas tenho paúra da necessidade de saber tudo o tempo todo.
O que aconteceu com o ser humano culto? O que aconteceu com ser culto? Os livros de auto-ajuda e best sellers adolescentes realmente tomaram o lugar de todo o mundo de coisas maravilhosas que (ainda) estão disponíveis nas livrarias? Tudo bem, já tem geração que não gosta do livro de papel... Lê no Ipad, no Kindle, no celular, não interessa, mas lê. Porque a falta de cultura, assim como a falta de repertório (e muito pouco da informação cotidiana realmente se transforma em repertório) são responsáveis por pessoas rasas, que não conseguem se emocionar com a beleza de uma música, não conseguem entender um bom filme de arte e nunca vão evoluir mais do que a novela, o Faustão, o Didi e o Zorra Total.
Acho engraçado como tanta gente está lutando bravamente para aderir às novas ondas de vida saudável e não consegue perceber que a saúde do intelecto está seriamente ameaçada. A nutricionista manda a gente cortar de vez as porcarias que não acrescentam nada à saúde do corpo, e comer todo o resto na maior variedade possível. Quanto mais colorido e variado o prato do dia a dia, mais nutrientes e vitaminas estaremos recebendo, e os resultados aparecem a curto, longo e médio prazo.
Com a cabeça é a mesma coisa. Livros, vídeos, filmes, música, lugares, pessoas, tudo acrescenta para um bom nível cultural. Contanto que as porcarias sejam esquecidas e consumidas cada vez menos. Consumidas apenas como referência, ou “só para poder falar mal”, como eu gosto de dizer.
Com o tempo passando cada vez mais rápido, minha angústia com a pressa só aumenta. E o que eu acho que foge às pessoas loucas por informação é que enquanto elas se atualizam com 259 novos “fatos”, outro milhões estão acontecendo no mundo. Muitos bem mais interessantes. E elas nunca vão conseguir ver tudo. Então porque não selecionar? Afinal, a informação passa. O que fica e faz diferença é a cultura adquirida.

No fim, nada de ideias diferentes. Pelo jeito essa está realmente me incomodando...

“Small minds are concerned with the extraordinary, great minds with the ordinary.” (Pascal)

Um comentário:

  1. Entendo perfeitamente o que você quis dizer na matéria. Um exemplo prático e atual é que minhas filhas e eu estávamos vendo o JN e uma garota que aguardava no gramado do Rock in Rio foi abordada pelo jornalista que lhe perguntou: - Como você está se sentindo às vésperas desse mega evento? E ela respondeu: - É uma emoção "incomensurável". Eu e as meninas nos olhamos com cara de espanto e a Bru me perguntou: - Ela falou "incomensurável"? Eu disse que sim, e nós três achamos que sim, embora a menina estava travestida de algo meio EMO, ela tinha cultura. Ou que podia ter ouvido a palavra uma vez na vida, guardou e usou na hora certa. De qualquer forma parabéns à cultura e a quem tem coragem de utiliza-la.

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