quarta-feira, 11 de abril de 2012

A conta fechou

Então, no meu último post, falei de contas que nunca fecham. Falei também do meu pai, que não resistiu a tudo que seu corpo estava sofrendo e faleceu no dia 19 de março, 3 dias antes de completar 59 anos.
Muito novo, com muitas coisas para fazer ainda, e a ideia de que a vida do meu pai acabou me é tão estranha como seria para ele mesmo se ele pudesse pensar nisso após a sua morte. Uma sensação de "como assim"?
Muita gente foi ao velório, muita gente que sofria visivelmente. Meu pai não era uma pessoa extremamente carinhosa, mas ajudou tanta gente nessa vida que a saudade dele não vai acabar nunca. Meu pai era íntegro, generoso e solícito. Tinha defeitos como todo mundo, mas um caráter impecável. E a minha saudade dele também não vai acabar nunca.
Hoje, aos 33 anos, sou órfã. É outra coisa muito louca de se pensar. Jamais imaginei que aconteceria tão cedo. Principalmente porque eu tinha pais muito novos. Minha mãe morreu de um câncer, aos 53, quatro anos atrás. Tudo muito surreal. Muito dolorido. Principalmente porque essas coisas mudam toda a nossa perspectiva de vida, arrasa com as nossas referências e deixa a gente sem chão. Literalmente. A luta agora é descobrir como viver com essa falta. Minha mãe não era exatamente presente na minha vida e nunca dependi dela para nada. Mas meu pai era toda a base e apoio que eu tinha para todas as coisas. Era minha segurança, meu plano B, era minha rota de fuga, minha proteção.
Minha sorte, se é que existe alguma sorte numa situação como esta, é que ele nos criou para sermos independentes. Sempre esteve lá, sempre deu apoio, nos mimou um pouco, mas nunca quis que fôssemos dependentes. Ele criou os filhos para viver sem ele, só que nem ele achou que seria tão cedo. O que parece um ironia hoje, já que ele sempre disse que morreria novo.
Meu pai era apaixonado pela minha mãe. Abandonado por ela como foi há mais de 15 anos, eu sempre acreditei que ele nunca se recuperou. E quando ela morreu, se instalou nele uma tristeza maior do que aquela com a qual ele já vivia.
Agora, com a morte dele, a imagem mais forte para mim é uma foto dos dois, do dia do noivado, muito novinhos, lindos e apaixonados. Com sorrisos do tamanho do mundo e de mãos dadas. Nada me tira da cabeça que é meio assim que eles estão hoje, onde quer que estejam.

A conta do meu pai fechou.

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