sexta-feira, 8 de maio de 2015

Ser mãe...

Em vésperas de dias das mães, sempre acabo me lembrando da minha, e da relação difícil que tivemos. Apesar de não ser má pessoa, minha mãe maltratou quase todos aqueles que a amavam. À sua maneira, ela acreditava em coisas que eram extremamente nocivas para essas pessoas. E ela levou a vida assim, minando todos os seus relacionamentos, até sua morte extremamente prematura, de câncer. Minha mãe tinha 53 anos.
Convivi com ela quase 30, e muito aprendi sobre a natureza das relações humanas. Eu não gostava da minha mãe. Foram mais de 20 anos e dois terapeutas para eu chegar a essa conclusão. Eu não gostava da minha mãe como pessoa. E aprendi também que isso é perfeitamente normal. Muita gente me olha com "aquela" cara quando eu falo isso, mas infelizmente, minha mãe era um ser social como todos nós e eu, como outro ser social, com minhas crenças e preferências, não tenho obrigação nenhuma de gostar de ninguém.

"Mas é sua mãe!"

E daí? Estando do lado de cá de uma relação mãe e filha bem complexa, eu falo para todas as minha amigas que estão tendo filhos: cuide dele, mas cuide da relação de vocês mais que tudo. Essa criança não tem obrigação nenhuma de te amar, não importa quantas horas de parto você passou. Essa escolha foi sua, não dela.
Pode parecer estranho, duro ou frio, mas muita mãe por aí - que está loucamente espalhando mensagens bonitinhas e engraçadinhas para que ninguém esqueça que elas têm direito ao seu lugar no panteão das "santas" -  não sabem o que estão fazendo, criam filhos de forma egoísta e vão ter grandes problemas lá na frente. Porque se esquecem que se tornaram mães para satisfazer um desejo pessoal, e que ninguém deve nada a elas por causa disso.
Carinho se ensina, empatia se conquista, até gratidão pode ser cultivada. O relacionamento que você vai ter com seu filho, nunca se esqueça, depende primeiro de você. E mais importante que as decisões sobre o tipo de fralda ou leite do bebê, as mulheres precisam se preocupar em ser uma mãe generosa, não com dinheiro, mas com afeto e ideias, com criatividade e paciência, com companheirismo. Ser mãe, a partir do momento que o serzinho sai da barriga, não é ser nada como os cartões bonitinhos pregam por aí. Ser mãe é aprender todo dia a ser a melhor pessoa possível para aquela outra pessoa que não pediu para nascer. Você optou por colocar no mundo.

Não sou mãe. E quando falo qualquer coisa sobre esse tipo de assunto, sempre levo o tradicional "espera você ser mãe para você ver"... Não precisa. Sou filha não sou? Ou só é válido o ponto de vista da mãe? Porque quando se tornou mãe a mulher recebeu uma carga "divina" de sabedoria? Porque agora ela faz parte de uma outra parcela da população feminina? Porque agora ela é melhor?

Não, né?

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