sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Momento político: o que eu entendi até agora.

Desde que as primeiras manifestações aconteceram lá em 2013 que eu tenho a mesma sensação de que tem alguma coisa muito errada nesse processo de "politização" brasileiro. Não vou tecer teorias da conspiração, mas ainda estou em busca de respostas quanto aos interesses nessa grande ruptura social que se instalou no país.
Em 2013, eu comentei muito que faltava foco. "Não foi pelos 20 centavos", mas até agora ninguém sabe por que foi. Se fosse descontentamento com o governo, ele não teria sido reeleito um ano e meio depois. E como as "manifestações" continuam, essa lógica faz algum sentido e aí teríamos que descobrir quais são as verdadeiras demandas. Eu ainda não sei.
Entendo que esse governo tem um lado bom diferente dos outros lados bons a que o povo estava acostumado. O que não significa que eu concorde com essas barbaridades que tanta gente fica martelando sobre uma "elite" podre, preconceituosa, que tem ódio de pobre, que não quer o pobre na faculdade... Faça-me o favor. Isso existe, claro, não sou tão ingênua assim, mas se todo esse mundo de gente que foi às ruas (eu não participei de nenhuma manifestação, que fique claro, realmente ainda não entendi o que está acontecendo o suficiente para ter uma opinião formada) tivesse esse perfil não ia ter manifestação pacífica no domingo, ia ter guerra civil e chacina em favela.
Então alguém está criando essa imagem do "odiador de pobre" como uma coisa comum a qualquer um que não seja beneficiado do Bolsa-Família. Por quê? Quem ganha o quê com esse novo "mapa" do povo brasileiro?
Mídias alternativas como as mídias sociais têm um grande papel nessa mudança de paradigmas. Mas nada me convence que o que está acontecendo é resultado único e direto da estupidez do povo reverberada na rede. E olha que eu não subestimo a estupidez humana nunca! Mas isso me parece um pouco demais. Eu nunca vi tanto ódio gratuito, tanta gente equivocada falando besteira, de uma lado e de outro. Tanta miopia.
A ala que defende a troca de governo se apoia em verdades de televisão, e eu mesma já não sei mais se há qualquer manifestação midiática que possa ser levada a sério como fonte. Tamanha é a minha sensação de que agora todo mundo tem um lado e ninguém está a salvo de influências. Li em algum lugar (e não vou citar fontes exatamente por que não adianta nada) que não há provas concretas em lugar algum de corrupção por parte da presidente no caso da Petrobrás. E que se não houver crime, não há base para impeachment.
Aí a ala que defende o governo fica repetindo gritos de "golpe"! Golpe? Uma parcela enorme do país vai para a rua não uma, mas três vezes, como parte de um golpe? Orquestrado por quem? Podia usar essa competência toda e dar o golpe de dentro mesmo, sem envolver a "elite odiadora de pobre", não? Se a gente avaliar, é tão absurdo que parece roteiro de filme. E aí, uns mais ignorantes fazem a bobagem de disseminar discursos de ódio, machismo, de retorno da ditadura, e está feita a lambança. Todo o esforço para que uma população que viveu quase a vida toda na inércia se movimentar, jogado por água à baixo. Qualquer credibilidade direto pro lixo.
E tome-lhe "esquerdista" postando foto de cartaz escrito errado, adolescente falando absurdo, gente com a camisa do Brasil ignorando o mendigo. Como se a outra ala estivesse fazendo manifestações para arrecadar doações para ajudar os moradores de rua. Pelo contrário, dizem que ainda ganham para vestir a camiseta vermelha.
Quem dizem? Sei lá, não dá para confiar em mais ninguém mesmo.

Continuo entendendo bem pouco do que está acontecendo. Acredito que a presidente foi eleita de forma legal e democrática. Para mim a fraude eleitoral é só mais uma teoria da conspiração que forneceria uma saída fácil. Aí sim, talvez eu acreditasse em golpe.
A única coisa que eu percebo bem, e que me causa muita apreensão é o fato de que todo mundo parece esquecer que somos um povo só. Inclusive os defensores fervorosos do PT, um partido que já foi essencialmente de esquerda, vão na contra-mão de tudo que deveriam pregar. Insistir nessa separação entre "elite" e "pobre" que se relacionam somente através de ódio e preconceito é um desserviço ao progresso nacional. Insistir que naquele mar de gente só tinha elite privilegiada querendo se livrar dos pobres é simplista, maniqueísta ao extremo e estúpido pois exclui (de qualquer lado, diga-se de passagem) uma enorme parcela da população que está sim sofrendo uma crise séria, que está tendo dificuldades em manter seu emprego e sustentar sua família, que não aguenta mais pagar todas as "contas", a do rico e a do pobre, que precisa ser levada em consideração como parte da população brasileira que é. Insistir nesse discurso é fazer exatamente o que a elite do PT está fazendo (ah vah, como se não tivesse elite na "esquerda"), ignorar quem está realmente precisando de uma atitude, precisando que as coisas mudem.

E logo esse povo que nunca botou fé em político nenhum resolveu agora vestir camiseta de partido e defender fervorosamente, com um ódio cego. Então agora ao invés de odiarmos políticos, odiamos uns aos outros. Por quê?


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