quinta-feira, 19 de março de 2015

1095 dias sem meu pai...

Hoje está sendo um dia duro. Hoje é o aniversário de três anos da morte do meu pai. Três anos que eu me emociono com a chamada do Esporte Espetacular, porque me lembra ele. Três anos que eu fico indagando toda vez que eu vejo aquelas lonas de jogo de futebol, que de longe parece que tá de pé, se eu ia conseguir convencê-lo de que aquilo é uma lona no chão. Ele tinha certeza que era um objeto tridimensional. Três anos que me faltam conselhos e uma luz por onde me guiar... Três anos.

É muito estranho pensar que, da primeira vez que o povo encheu as ruas em 2013, meu pai já havia morrido. Domingo, dia 15, chorei ao ver aquele mar de gente na televisão. Não porque achei o protesto lindo, mas porque eu precisava muito que ele estivesse aqui para me ajudar a passar por esse momento difícil do país com um pouco menos de medo. Fico imaginando quais seriam as teorias... Meu pai ouvia tudo que é noticiário e era cheio de teorias. Tenho certeza que ele teria pontos de vista bem interessantes.

Ele estaria bem orgulhoso de mim por ter parado de fumar. Isso eu tenho certeza. 425 dias sem fumar. Tenho que admitir que não mudou muita coisa no meu cotidiano não. As pessoas não acreditam, mas é verdade, eu não sentia loucamente os efeitos dos meus cigarros. Claro que o mal estava sendo feito, mas eu não sofria. O que mudou demais, e me deixou bem feliz, é que antes eu tinha que usar desodorante intravenoso. Tirava a roupa no fim do dia e tinha vontade de incinerar, por causa do cheiro forte de suor. Não de cigarro. De suor. Era bem complicado, e eu achava que o problema era eu, afinal, comecei a fumar com 16 anos.
Não era. O lixo que o cigarro acumulava no meu corpo fazia meu suor feder. É muito louco. Hoje eu tiro uma blusa que eu usei num dia inteiro de verão e ela só tem o cheiro do perfume que eu passei de manhã. Virei a pessoa mais cheirosa do universo! Hehehehehehehehe

Papito estaria bem orgulhoso disso.

Se estivesse aqui, ele teria sofrido mais duas perdas grandes, dos grandes amigos Ed e Siqueira que morreram logo na sequência. Uma coisa mais louca ainda. Isso teria sido bem pesado para ele. Sorte dele que não precisou viver esse sofrimento. Se é que se pode chamar isso de sorte. Se ele estivesse aqui talvez eu não estivesse agora sentada no caixa da minha própria loja, provavelmente não. Se ele estivesse aqui, eu teria ido com ele para o casamento da minha amiga Vivian em Londres. E quem sabe muita coisa diferente estivesse acontecendo agora...

1095 dias sem meu pai. Dia 22 desse mês ele faria 62 anos.

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