sábado, 27 de dezembro de 2014

Eu já ajudo você!

Nessa época de festas de final de ano fica todo mundo mais "solidário" e parece (?) que aumenta bastante o número de "necessitados" por aí, né não? Eu estou há muito tempo querendo registrar de alguma forma uma opinião bastante forte que tenho sobre caridade e, principalmente, caridade no Brasil. Vou aproveitar essa época sublime para isso. Ho ho ho.
Para começar, o conceito de caridade é muito particular e, no meu ponto de vista, um talento. Tem gente que tem isso dentro de si, naturalmente, e gente que não. Isto posto, a cultura da culpa é uma grande sacanagem inventada pela sociedade, que faz todo mundo que não "ajuda" ficar com peso na consciência e abre espaço para um monte de gente se aproveitar.
Eu que passei anos dando esmola em semáforo, vi cada absurdo que há algum tempo já o meu lema se tornou "não dou dinheiro na rua". Isso é para ninguém. Nem velhinho, nem criança, nem mulher com criança (essa eu tenho vontade de socar até aprender a falar inglês), nem aidético, nem voluntário da casa que cuida do aidético, nem malabarista, brasileiro ou gringo. Ninguém. Porque é quase tudo golpe e se as pessoas não dessem dinheiro na rua, as outras paravam de pedir.
Curitiba é uma cidade que abraça o deficiente de uma forma rara, tirando as péssimas calçadas que judiam dos cadeirantes, quase toda empresa tem algum tipo de deficiente trabalhando. Então é possível. Então não tem desculpa. E gente saudável pode trabalhar. Sempre. É só querer.
Aí alguém diz: "é que você não sabe o que é passar fome, sede ou necessidade". Não sei mesmo. E a maioria dos "caridosos de natal" também não sabe. A questão está longe de ser essa. Esse tipo de coisa é obrigação do governo. Assim definiu a própria sociedade. É o básico que se precisa para viver, portanto, deve ser disponibilizado pela gestão, do município, do estado ou do país. Assim como os meios para a criação da própria riqueza, ou seja, saúde e educação de qualidade e de graça. Para todo mundo.
E como isso acontece? Acontece através do dinheiro que todos nós hábeis, aptos e ativos, pagamos de pesados impostos sobre tudo, o tempo todo. Ou seja, eu já ajudo cada uma dessas pessoas "necessitadas", as de mentira e as de verdade, já que eu nunca devi um centavo de imposto, e recentemente até abri um negócio e contratei uma vendedora. Estou movimentando a economia e gerando emprego. Tudo que uma nação precisa para prosperar.
Então antes de fazer caridade só nas festas, para sentir que "fez sua parte", lembre que a parte mais importante é cobrar que o dinheiro que você se ferra para pagar ao governo seja usado apropriadamente, que se você não "ganha" nada dele e alguém ganha, quem está pagando é você. Que se você trabalha e outro não, quem está pagando é você também. Que se alguém sonega, está dificultando seu trabalho e diminuindo seus resultados.
E quanto a mim, só me sinto compelida a ajudar de verdade quando se trata de alguma catástrofe, que essas não tem como prever ou evitar. De resto, eu já ajudo todo mundo, o tempo todo, com o meu trabalho e honestidade. Não dou dinheiro na rua. Mas farei qualquer coisa para ter pessoas tão honestas quanto eu no poder, direcionando meu dinheiro para onde ele deve ir.

E acho que todo mundo devia pensar bem nisso. Também acho que muito pouca gente pensa.




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