segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O caso do fio puxado

Hoje estragaram uma peça na minha loja enquanto provavam. Eu só vendo fio e tricot então é tudo muito delicado, pode enroscar em várias coisas...
A mulher entrou e pegou uma daquelas peças beeem transparentes, ou seja, bem delicadas, e pediu para provar. Só que ela provou com a cortina aberta e eu vi ela enfiar na cabeça de qualquer jeito e a blusa enroscar na corrente dela, ficando presa. Ela simplesmente puxou, abriu um buraco na blusa.
"Ah é delicadinha, né?"
Mas não falou nada sobre o estrago. E eu vendo tudo.
Aí tirou, embolou, já começou a desconversar, eu peguei de volta e disse, "puxou um fio aqui, deixa eu ver se consigo dar um jeito"
Então ela me diz "puxou? ainda bem que você viu, eu nem vi", já juntando as coisas dela para ir embora. Saiu com tanta pressa que ia deixando uma jaqueta em cima da minha mesa, eu que chamei de volta e entreguei.

Algo assim ia acontecer cedo ou tarde, eu tinha ciência disso. Até eu puxo o fio das peças de vez em quando. Mas a questão é a cara de pau de achar que está me enganado para não assumir a responsabilidade por um ato. E se fosse uma pessoa que ela atropelou? Ah, mas isso nem se compara.

Na minha concepção, é caráter, é a mesma coisa. Lesar o lojista pode, mas lesar o corpo de alguém não? Qual é a medida? Para mim, quem faz um, faz o outro.
Só que nesse país, do "jeitinho", a gente aprende que a malandragem é traço característico, e tem quem acredite, até charmoso. Se aprende a ser meio "liso" desde cedo.

O resultado tá aí. O país da impunidade. O país onde ninguém quer responsabilidade. O país onde todo mundo acha que pode "se safar".

Inclusive do fio puxado no provador...


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