sábado, 25 de outubro de 2014

A namorada e o fone de ouvido

Aí eu estava andando na rua, bem no centro de Curitiba, e eu ouço uma voz de menino conversando com uma voz de menina. Em determinado momento, e ainda atrás de mim, então eu não tinha visto o casal, ele exclama: "agora tá tocando Tupac!".
Eu, que não tava ouvindo música nenhuma, pensei: "tocando aonde?". Aí eles passaram por mim. De mãos dadas, e ele com um imenso MP3 Player, daqueles em formato de fone de ouvido.
A primeira coisa que passou pela minha cabeça foi que se eu fosse ela eu ia proibir terminantemente andar comigo por aí com um fone ligado nos ouvidos, mesmo que o sujeito seja tão talentoso que consiga até conversar ao mesmo tempo. Não vou nem chegar à falta de romantismo que eu nem sei mais se essa molecada sabe o que é isso, mas e a falta de educação?

Já tem algum tempo que eu reclamo disso e alguns amigos já começam a se manifestar da mesma forma. Acho de uma falta de modos esse negócio de estar ligado a um aparelhinho, qualquer um, enquanto interage (ou finge que interage) com outro ser humano. Já rolaram algumas brigas, mas não pretendo mudar de ideia nem de postura. Quer passar algum tempo comigo? Desgruda dessa merda! (pardon my french... heheheheh)
Eu sou provavelmente da última geração que conviveu com os outros sem a central de entretenimento no bolso o tempo todo. Meu pai, 23 anos mais velho que eu, não deixava eu conversar com ele de óculos escuros! "Não dá para ver seus olhos, é falta de educação". E ele estava muito certo.
Cansei de tentar ter conversas com zumbis que ficam só dizendo "ahã, ahã" e nem sabem o que você falou. Era que nem quando a gente ligava na casa das pessoas e conseguia perceber que elas estavam tentando assistir TV enquanto falavam com você. Não era irritante? O celular é a mesma coisa.
A necessidade, de responder mensagem, abrir o presente do joguinho, ler e-mail, enviar torpedo, checar o facebook, é fabricada. Essas coisas não existiam antes, garanto que você vive sem elas. O que está acontecendo é que as pessoas estão perdendo momentos "presenciais" poderosos com amigos e família, para "dar atenção" a amigos e família. A esquizofrenia é de matar!
É que nem disse o comediante: "aquele monte de pais assistindo apresentação dos filhos e ninguém vê os filhos porque está todo mundo atrás do celular gravando o vídeo para não perder o momento". Mas a experiência de ver ao vivo já se perdeu.

Todo mundo pode ser muito importante para você, mas não dar atenção a quem está bem na sua frente é só uma versão moderna daquela viúva que está mais preocupada em lembrar do marido morto do que cuidar dos filhos vivos. Louco e completamente inútil, não acha? O morto tá morto e nem vai ficar sabendo da atenção toda que está recebendo, assim como o cara do outro lado do seu celular tem que entender que você podia estar ocupado naquele momento e esperar pela sua resposta. E se não puder a culpa é sua, você acostumou mal. (Rs.)

Do meu lado, namorado nenhum nunca vai andar de fone de ouvido ligado. Só se for para me oferecer uma "orelha" e a gente ouvir uma musiquinha bem romântica. Juntos.

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