Acho que, exatamente por isso, me dou certas liberdades na maneira como falo de coisas “delicadas” e tenho que confessar que ando absolutamente sacuda de algumas reações em relação a preconceitos. Já tive gente me perguntando na cara se eu era racista, por conta de um comentário desses mais “livres” a que eu me referi antes. Chamo gay de bicha, negro de negão e falo pro japonês abrir o olho. Na cara deles e sem nenhuma intenção de ofender.
E aí, numa conversa um dia desses, falei sobre isso com algumas amigas e gostaria de deixar algumas coisas bem claras:
Sei que existe gente racista, sou loira mas não sou burra (ahá);
Isso não significa que todo mundo é racista;
Também não significa que negros, orientais e homossexuais sofrem mais do que eu no quesito preconceito;
Como assim?
Sou loira, alta e peituda desde os 13 anos. Tô reclamando do que, certo?
Desde os 13 anos todo homem acha que a conversa é com o meu decote e não comigo. Sem exceção. E eu tenho que ficar lisonjeada, não?
A loira é burra desde que o mundo é mundo. E eu nasci loira, e continuei loira (natural, inclusive). Portanto...
Só para constar, Gabriel Pensador estourou com aquela pérola por volta dos meus quinze anos. Mas adolescência de menina é coisa fácil, né? Nem me abalou...
Eu não sou japa, nem negão, mas sou a Xuxa, a Angélica, a Madonna, a She-Ra, todas as paquitas, além de ser alemã desde pequenininha (apesar de ser descendente de poloneses e italianos).
A diferença, é que eu levo tudo isso numa boa (a maior parte do tempo), porque a sociedade não tem jeito, o ser humano é cruel e vive de estereotipar, e nada disso vai mudar tão cedo. Então, para que transformar isso num fardo? A gente já não tem demais na vida?
Eu acho que, antes de se sentir vítima de preconceitos e jogar esse seu enorme fardo em cima de mim, desenvolva um senso crítico. Perceber quem está sendo verdadeiramente preconceituoso é sinal de inteligência. Nenhum holocausto te dá o direito de criar um preconceito em relação a todo mundo que chega perto de você. Ninguém é vítima perene, assim como todos somos vítimas em algum nível, faz parte de conviver com o homem.
Eu não tenho culpa se você não sabe lidar com a sua própria história.
É como disse um comediante que eu vi na TV outro dia: Uma coisa é você olhar um negro e achar que ele é bandido, só porque é negro, ou decidir que a mulher é burra só porque é loira. Isso é o preconceito. E do pior tipo.
Mas eu ser branca, o outro ser amarelo e outro preto é conceito. Gay, gordo e magro. Conceito. É o que somos, não uma imagem que passamos. E o que tá fazendo falta é ensinar as próximas gerações a terem si próprios em alta conta pelo que são, e não ficar martelando sofrimentos centenários.
Se todo mundo pensar nisso de verdade, pode ser que as pessoas aprendam a conviver um pouco melhor com si mesmas, e com os outros.
Também sempre sofri desse preconceito, por ser loura de olhos claros, branca, logo: loura aguada, cara de geleia (ficava muito enrubescida). Por isso sempre digo, antes de julgar pela aparência, ponha-se no lugar do outro.
ResponderExcluir